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Sobre o filme 'O Conde de Monte Cristo', e os prós e contras de se eternizar clássicos da literatura mundial através da grande montra norte-americana dos ecrãs de cinema

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Não existe uma relação cambial que estipule quantos minutos de sétima arte devem ser criados para cada centena de páginas de literatura. No caso concreto de O Conde de Monte Cristo (livro de Alexandre Dumas publicado em 1844), as mais de mil páginas do original permitiram ao realizador Kevin Reynolds assinar em 2002 um filme de belo efeito que entretém o espectador por mais de duas horas.

Quando se parte de uma obra literária consagrada o que de mínimo se pode pedir é que o filme não estrague o original, desde logo porque há um duplo risco: defraudar expetativas de quem leu o original, e acalentar falsas expectativas a quem depois do filme se decida aventurar pela leitura do original. Não estou em condições de me pronunciar sobre qualquer desses riscos.

O que sim posso aludir é ao belo efeito da história, para o qual contribui a vistosa representação de Jim Caviezel no papel da personagem principal Edmond Dantes, a qual peca pela língua falada ser o inglês. Convém sublinhar que a história é francesa, parte de uma conspiração em torno de Napoleão Bonaparte, a ação é centrada em Marselha e Paris, e tem o mediterrâneo como palco. Pouco ou nada tem que ver com o universo americano, exceto pela popularidade da história atingir escala global, situação muito apelativa para a máquina capitalista que preside ao cinema norte-americano.

Não obstante, fazer encaixar este clássico francês na grande montra norte-americana dos ecrãs de cinema é ainda assim o coroar de uma história notável que funciona muito bem como filme, pois tem os condimentos de aventura, vingança, amizade e amor que nos falam diretamente ao coração. Se este tiver de ser o caminho para não deixar morrer grandes livros num tempo em que não há tempo para ler, então podemos ter esperança de que tão magistrais histórias não cairão no vazio facilmente.

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