Procurar:

Sobre as 'wake up calls' na vida, e o dilema de preferir recebê-las e geri-las em conformidade, ou ignorá-las e viver com intuição e fé o que dá à costa dos sentidos

Share it Please

The nudge, the touch, and a whisper - Jason Mowry (2021)


No hotel da vida, preferes receber wake up calls e ser forçado a conviver com essa tomada de consciência, ou consideras que melhor mesmo é evitar sobressaltos e gerir com intuição e fé o que dá à costa dos sentidos? O serviço de wake up call dos hotéis deve, por estes dias, ter sido exterminado pela autonomia de programar unilateralmente alarmes com um indicador e a palma da mão a suster o versátil dispositivo que o permite. Mas o seu conceito não deverá desaparecer do nosso imaginário.

O referido serviço nunca ultrapassou o âmbito de alertar para compromissos temporais à escala do dia, em que o despertar a horas era primordial. A necessidade continua a existir, até porque o sono é manifestamente um território de inimputabilidade para o caráter do homem. Mas o meu intuito aqui procura um alcance mais longo, e a alusão ao hotel da vida é precisamente para que se pense nos avisos que esta nos dá sobre coisas que se estão/poderão estar a passar ou irão/poderão passar-se caso nada em contrário seja feito.

O termo de wake up call evoluiu para substantivar o conceito de receber um alerta sobre um problema, perigo ou necessidade. Alargado ao oceano da vida, passamos os dias a tentar inteligir sinais que possam configurar wake up calls, mas também a rebater e descredibilizar outros que, de modo inconveniente para nós, também o pudessem ser num sentido que consideramos desvantajoso.

Isto decorre de que, contrariamente à versão original, humano algum consegue programar integralmente a sua vida para wake up calls, embora a tecnologia, com os seus sensores e tratamento de resultados, consigam cada vez mais cobrir componentes específicos outrora sem qualquer tipo de diagnóstico. Que o digam temas como a saúde, finanças, meteorologia, transportes, etc.

A pergunta inicial carece então de uma posição: é preferível receber essas chamadas que nos acordam para a vida ou não as receber? Eu, que prefiro por regra ter sempre os dados do meu lado, prefiro recebê-las, Não giro a vida com fé, mas o mesmo não posso dizer da intuição. Esta combinação leva-me a filtrar as wake up calls que recebo, triando-as no que toca à preocupação que lhes vou - ou não - devotar. Sei que elas estão lá, mas uso as minhas costas largas para gerir dissabores de ter de manter passos firmes apesar da consciência acometer para a memória desses avisos.

À falta de outros mecanismos, as wake up calls diretas à nossa central de consciência são o grande motor do posicionamento ou reposicionamento, devendo por isso ser procuradas, estimadas, respeitadas e geridas. Seja porque refletem a máxima do onde há fumo há fogo, seja porque por vezes o fumo é só um palito de incenso a perfumar de modo inconsequente a nossa sala interna de controlo de operações.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...