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Sobre o apaziguamento de conflitos geracionais pela redução dos mais velhos à condição de crianças/bebés nascidos 'faz tempo'

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Donatello Riff Madonna - Ann Agee (2023)


No calor dos momentos mais conflituosos é difícil ser-se magnânimo. A frio, porém, temos a oportunidade de nos redimirmos pelo de recentrar os problemas, deixando-os destilar a essência das suas causas. Uma fonte importante mas não exclusiva dos problemas entre humanos deve-se ao conflito de gerações, o qual contempla toda a diversidade decorrente de mudanças conjunturais e/ou culturais que fazem pessoas de tempos diferentes entenderem e comportarem-se de formas desiguais. O entendimento entre gerações bebe dos mesmos requisitos e esforço encontrado em desentendimentos de naturezas díspares, como são as de religião, as de nacionalidade, as de preferência política, ou as de patamar socioeconómico.

A redução a um terreno comum é sempre imprescindível para apaziguar humanos dissidentes entre si, e essa redução pode, num plano bondoso e ingénuo (no bom sentido), passar por entender que todas as pessoas foram um dia bebés e crianças, e que os mais velhos (pense-se em ditadores ou em pessoas muito conservadoras) são crianças nascidas faz tempo.

Vêm estes ideias de duas músicas de autores brasileiros que me acompanham e que, juntas, consubstanciam uma proposta para relativizar os danos causados por pessoas mais velhas. Imaginando-as em criança,  infantilizadas, talvez amaciemos a compreensão de que são seres em busca do seu lugar ao sol num mundo que não está bem explicado logo à nascença. Falsas partidas, passos em falso, autoproteção, birras, ciúmes, obsessões. Tudo fica relativizado se pensado no prisma de uma inocente crianças. Não resolve os assuntos, mas apazigua o vulcão emocional que conflitos geracionais podem suscitar. 


 Saiba: todo mundo foi neném
Einstein, Freud e Platão também
Hitler, Bush e Saddam Hussein
Quem tem grana e quem não tem
Saiba: todo mundo teve infância
Maomé já foi criança
Arquimedes, Buda, Galileu
e também você e eu

Saiba - Adriana Calcanhoto (2004)


Velhinhos são crianças nascidas faz tempo!

Eu Não Sei Na Verdade Quem Eu Sou - O Teatro Mágico (2016)



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