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Sobre a virtude na obrigação

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Com alguma naturalidade confundimos em sucessivas ocasiões a virtude com outros aspectos que se gostam de camuflar com o seu aspecto e sinais.
A virtude reserva a sua designação para situações de liberdade de decisão, quando a escolha mais louvável é aquela tomada. Daqui há a reter a parte da liberdade de decisão. Não se compreende que descontroladamente clamemos e certifiquemos como virtude resoluções e opções que são meramente do âmbito da inevitabilidade.
Passo desde já a exemplos. Quando nos voltamos para o exemplos dos nórdicos e seus altos índices de educação, torna-se imediato concluir a existência das suas virtudes para a formação do ser. Nunca se nos coloca a questão de saber até que ponto é inevitável para um nórdico ter de estudar. Sendo inevitável, situação deixo para outrem a confirmação, a virtude deixa de estar patente, visto que apenas cumprem aquilo que lhes é consequente.
Outro exemplo. A não ocorrência de um crime, só é uma virtude, se cada potencial assaltante estiver em condições de assaltar e não o fizer. Não se pode colocar a questão da virtude do assaltante, quando o policiamento e o controlo da segurança é apertado, pois aí o assaltante mesmo querendo vê-se no impedimento de assaltar.
Pretendo com isto alertar para esta falácia do senso comum, que não raro coroa de forma irregular. Há uma particular riqueza neste país, e falo deste por não conhecer os outros, para este tipo de análises.
Esta questão pode porventura ser levada até ao campo político, onde se poderá afirmar que um autoritarismo como o que vivemos com Salazar, do qual falo sem experiência pessoal, facilmente conseguiria ter como ideal promover a virtude dessa forma falaciosa que enunciei, através do bloqueio dos opostos ao ideal. Também a história mostrou não residir aí virtude suficiente para merecer perdurar no tempo, sinal de que a virtude procura o seu espaço para romper contra qualquer previsão.

4 comentários:

  1. Se me permitem...
    Salazar era a "fruta da época": por toda a Europa grassavam ditaduras. A questão em Portugal tem (mais uma vez) a ver com os "rankings", já que foi a mais branda e a mais longa ditadura da Europa. Nesses factos reside o nosso atraso endémico de cerca de trinta anos em relação à "modernidade" da Europa.

    Quanto à virtude, penso que não se pode discutir sem estabelecer um referencial ético, uma vez que disso depende a sua definição.
    *

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  2. Boa dissertação.
    Gostei.
    Dá que pensar.

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  3. Ora viva.
    Descobri (só) hoje o seu Blog.
    Excelentes matérias de reflexão!
    Muito bom.
    Mas...
    Tem a certeza que estuda..Engenharia Química?
    ;)


    .

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  4. Penso que a questao da virtude está relacionada com a questao de filosofia moral, dependendo do codigo moral vigente em cada sociedade. é isso que tenho a dizer.

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