O acto de escrever impõe no texto um cunho da personalidade do autor. É uma radiografia autêntica do seu intelecto. O cunho mostra-se sempre de forma resguardada, mas deixa vislumbrar mesmo que fugazmente a plataforma pensante sobre a qual o autor se debruça e confronta com o mundo.
Nem sempre temos a hipótese de ler peças escritas dos nossos familiares ou amigos. É uma pena, uma pena que se deve à fraca exuberância e recorrência do acto da escrita nas pessoas. Esta está a surgir de modo pouco natural, longe de ser consequência do desenvolvimento do intelecto.
Já pedi e ainda hoje o peço, quando me ocorre, que me enderecem um texto à escolha, ou que escrevam um texto e mo enviem. Peço-o a alguns amigos ou pessoas que gostaria de conhecer melhor. Os assuntos que escolhem, o tipo de encadeamento das ideias, os pontos da argumentação em que se demoram, são tudo elementos que permitem criar uma visão global mais próxima da maneira como um indivíduo se vê, visão esta passível de ser confrontada com a maneira como o vejo eu a ele.
A exposição que um texto incute vai muito para lá do detalhe de ser assinado ou não. A escrita é a via pela qual conseguimos conversar com as pessoas do modo intenso, ininterrupto, transparente.
Mesmo no amor, a leitura de um texto da pessoa amada permite conceber o sentimento existente no outro lado de forma muito mais estruturada e explicitada.
O facto de ser documentável e constituir prova física, faz da escrita um espelho ideal para a revelação da personalidade.
Ainda que possa ser falseada, acredito que as pessoas, nos dias que correm, estão mais treinadas a fintar os outros pela via da imagem e da fala, do que propriamente pela via da escrita, onde um mentiroso pode ter sucesso numa dada altura do texto, mas pode ser desmascarado nas linhas seguintes sem grande esforço.
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ResponderEliminarhum....era por isso entao q me pediste para escrever aqueles textos xD
ResponderEliminarFrancamente que gosto de ler o que o Marcelo escreve. Não só pela forma como escreve, mas também pelos temas abordados. «O cunho pessoal na escrita»- um texto. Muito bem. Uma carta, duas três páginas; um texto no blogue, algumas linhas, que para alguns se chamam «lençóis», como já por aí vi escrito, relativamente a textos que tenham mais de dez linhas. E, o que dizer sobre todo um livro- um romance? Onde o autor se distribui pelo bom e o mau. Terá a escrita arte e engenho para conseguir enganar o leitor, no que á pessoa por detrás do autor diga respeito?
ResponderEliminarÉ pertinente a sua observação, e que muito me interessa...e me admira, vir de um moço jovem como o Marcelo. Não tenho dúvidas nenhumas de que estou perante um escritor em potência. E o talento deve ser reconhecido assim que emerge.
E uma pergunta me fere a mente e os dedos: que opinião formulará acerca de mim, depois de ter lido estas palavras?
Caro poeta do penedo,
ResponderEliminarVenho desenvolvendo a minha escrita neste espaço procurando evoluir a cada novo texto.
Abordo temas que se me apresentam no dia-a-dia, anotando-os sempre que posso de forma a concretizar, assim que possível, num texto.
No que toca à parte final do seu comentário, devo dizer que o mundo dos blogues é um mundo inglório, para quem escreve e quer ser lido, como para quem lê e quer ler algo de que goste no meio de tanta fartura.
Agradeço-lhe estas palavras de incentivo, que me levam a pensa-lo com alguém sensato e altruísta. Elogiar-me pelo que escrevo supera qualquer elogio pelo que pareço ao espelho.
Bem-haja meu caro.
Não tem de me agradecer. Apenas fui honesto comigo mesmo. Ao pensar o que escrevi, tive de escrever o que pensei. Seria uma injustiça se o não fizesse. O talento sente-se!
ResponderEliminarMuito feliz ficarei um dia, se numa livraria, vier a ver algum título, cujo autor seja um tal Marcelo Melo. è que nunca assisti ao nascimento de uma estrela. Seria a primeira vez. Ou será que esse nascimento se está a concretizar neste preciso momento?
Briosas saudações.