Procurar:

Sobre a nostalgia e o materialismo

Share it Please

                        807420_724b_625x1000

Incontornavelmente, a nostalgia faz parte do leque dos sentimentos humanos, visto que é versátil o suficiente para se adequar a praticamente qualquer tipo de ideia relacionada com o homem.

Aquilo com que dei comigo a pensar, é que a saudade existe quase sempre numa perspectiva material. Quando se sente a falta de alguém, geralmente desloca-se imediatamente o sentimento para os locais ou actividades em que essa falta se faz sentir, numa clara investida pelo cenário sensitivo. Poder-se-ia dizer que se sente falta da pessoa por haver sido um ser humano bondoso ou pelas ideias que tinha, mas é bastante mais fácil enquadrar a saudade nalgum retrato material que não deixe dúvidas sobre a objectividade do sentimento.

Nesta linha de pensamento, o consumismo é claramente um instigador de nostalgia, visto que pela preterição de uns produtos relativamente a outros, se vai trocando a malha quotidiana e, no mesmo passo, facilitando o sentimento de saudade. Aquele que troca de carro mais vezes, poderá sentir mais saudade, porque poderá sentir-se nostálgico relativamente às viaturas que deixou para trás e que o poderão ter marcado. Pela condição materialista, a nostalgia pode ter uma existência subjugada ao grau de consumismo humano.

Por outro lado, uma consequência desta reflexão seria aceitar que hoje se está mais saudosista do que antes, visto que nunca como agora o consumismo se encontra desenvolvido e generalizado em níveis agressivamente altos. Não estou em condições de asseverar a comparação dos índices de saudosismo actuais face aos antecedentes, visto que a tecnologia tem vindo a preencher eficazmente o campo da recordação, com múltiplos dispositivos que facilitam a memória e que podem colmatar o sentimento de sentir falta que no fundo é a saudade.

Acima de tudo, penso que o mais relevante é mesmo a ideia de que o cérebro se agarra ao material como que para comprovar a saudade, não se ficando numa dimensão subjectiva e de difícil definição. Nunca ouvi dizer que se sente falta de ter 12 anos, ficando-se por aí. Acrescenta-se sempre alguma relação com o materialismo, quer seja por nessa altura se ter uma revolucionária consola de jogos, ou por jogar futebol na rua aos domingos à tarde.

2 comentários:

  1. Não concordo muito com essa tua perspectiva em relação à saudade.

    Quando sentimos a saudade de algo, é claro que associamos sempre coisas que vimos, e objectos que utilizamos, mas penso que isso não é consequencia do materialismo /consumismo, penso sim que é mais por sermos seres empiricos, e que adquirimos experiencias através dos sentidos.
    Penso que é mais no sentido de sermos "pessoas de sentidos" que na saudade aparecem muitas vezes objectos e imagens.

    O exemplo da nostalgia em relação ao carro, penso que essa saudade é devida às experiencias passadas com esse carro e nao uma consequencia do nosso materialismo.

    Um abraço

    Radar

    ResponderEliminar
  2. As recordações são algo de muito belo que podemos ter...
    Recordar os bons e os maus momentos da nossa vida, ajuda-nos a melhorar a nossa existência, a crescer espiritualmente, a desenvolver o nosso ego...

    Um abraço de Luz!

    ResponderEliminar

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...