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Sobre a padronização do amor

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Sou um crítico acérrimo do romantismo disseminado pelas criações ficcionais mediáticas, não pela sua essência, mas pelo que representam para a vida social dos seres humanos. E o que representam tais criações?

No meu entender, tudo o que restrinja o entendimento humano de forma injustificada, constitui uma perversão da visão global e diversificada que deve ser cultivada em muitos assuntos relativos ao homem.

É para mim inquestionável a evolução da sociedade num sentido que perverte o amor enquanto expressão multifacetada do género humano. As pessoas, ao consumirem criações ficcionais que vendem conceitos de amor perfeitamente surreais e intangíveis, viciam-se emocionalmente nesses materiais ao ponto de os elevarem ao posto de ampolas sentimentais, mas pior mesmo é o que advém disso: uma padronização extensa do conceito de amor que restringe inapelavelmente a sua amplitude.

Não me é muito difícil associar a crescente dificuldade que dois seres humanos têm em se tolerarem prolongadamente, ao produto das criações ficcionais que vende uma ideia de perfeição que assenta no conceito de para sempre, mas que peca por não definir o para sempre como a soma dos “agoras”. As pessoas podem amar-se para sempre, mas não se amarem mais hoje, porque o agora e o para sempre parecem inserir-se em universos paralelos.

Dentro do padrão de amor instituído por esses vectores de comunicação a massas, é fácil e até simulável a demonstração de amor: todos sabemos identificar o sentido e o romantismo de um ramo de flores, uma ida ao cinema ou um passeio na praia. Não o identificamos porque assim o entendemos no próprio momento, antes porque nos habituámos a que essas sejam as formas convencionais de expressar o amor.

Ora é nesta prisão conceptual que a sociedade se está a prejudicar, porque as pessoas crescem a viver o amor padronizado, e raramente se permitem conceber e aceitar como igualmente válidas formas distintas de demonstrar amor aos outros.

A diferenciação é o que nos faz falta para que não sejamos engolidos pela sensação de normalidade que nos transforma em seres banais, e no que toca ao amor, temos vindo a investir exactamente no conceito de banalização, pela via da padronização.

5 comentários:

  1. Concordo com o que dizes no teu texto em relação ao amor.

    A sociedade hoje em dia vende um conceito de amor que se prende ao conceito de paixão. Sim é verdade que qualquer relacionamento tem paixão, mas esta é apenas uma parte de amor e não o seu todo. Igualar a paixão ao amor é como igualar o motor do carro ao carro em si: Sim faz parte dele, mas não constitui o seu todo.

    Muitas pessoas no entanto, se calhar de varias desilusões no que toca ao amor, começam a perceber que o romantismo inerente na televisão e nos media nao corresponde ao amor na sua verdadeira acepção. Infelizmente ha ainda pessoas que associam o amor apenas ao que se ve na televisao e se le nos livros.

    Abraço

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  2. Pois amigo vamos fazer simples, ponho aqui a nossa charla no messenger assim a gente vê a minha opinião! até da mais interactividade!!! lol! Desculpa la mas não gosto das coisas convencionais... encaixa bem com o teu texto! mas so nesse punto!
    Va fica bem!
    Divertam-se a ler!


    tolerarem prolongadamente?????????????
    tolerarem!!!!!!
    foda se pa
    isso é um conceito especial do amor!!!!
    para mim a gente nao se tolera!!!!
    partilha sim
    mas tolerar!!!!

    Marcelo diz :
    tens direito à tua opinião e forma de ver as coisas
    para mim, o problema actual, que incluem o crescimento dos divórcios, tem a ver com a tolerância ou melhor, com a falta dela

    Bruno, el utópico... diz :
    i don't agree!!!
    acho e vejo!!!
    que as pessoas mesmo depois de divorciarem siguem amando-se!!!
    talvez nao exatamente da mesma forma mas sim se amo!!!!
    ainda mais quando tem um filho!!
    ligação indestructivel de duas vidas!

    Marcelo diz :
    pareces chocado com o que leste

    Bruno, el utópico... diz :
    nao nao
    so dou a minha opinião

    Marcelo diz :
    claro e fazes tu muito bem
    e estou a ver que este tema te diz alguma coisa, pelo teu interesse

    Bruno, el utópico... diz :
    lol
    pois
    tambem quero dizer que pelo meu entender
    cuando amas uma pessoa a serio que ela te ama
    mesmo se é verdade que a muitas coisas que se faz porque é , vamos dizer, "o que se vé"
    quando amas uma pessoa

    Marcelo diz :
    e não achas que exite um padrão, que as pessoas fazem todas as mesmas coisas e não abrem a porta a diferentes formas de se gostar de alguém?

    Bruno, el utópico... diz :
    são outras coisas as que te fazem saber que a outra pessoa te ama!!!
    pois não acho
    pork esses padrão sim são usados por todos
    mas quando amas a serio não e isso que te faz sentir o amor do outro!
    pelo menos quando es uma pessoa adulta!

    Marcelo diz :
    o que tu podias fazer era comentar o texto
    e escrever a tua opinião
    para que outras pessoas possam conhecê-la

    Bruno, el utópico... diz :
    lol

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  3. Caro amigo Marcelo,

    Concordo plenamente com as ideias que mostras neste texto e creio que tenhas falado em alguns pontos que talvez sejam os principais motivadores para a prática do divórcio/separação.

    Primeiro, o facto de as pessoas quererem para si as relações "perfeitas" que vêm na televisão, mas na hora de se relacionarem com outras pessoas não se lembram que ninguém é perfeito e por consequência, não existem relações perfeitas.

    Depois, há o facto de só os actos convencionais serem os escolhidos para expressarem o amor. Quem nos diz que só uma caminhada na praia ao pôr do sol é o acto indicado para expressar a paixão ou o amor? Porque é que, se não se oferecem flores não se é romântico?

    Nestes dois pontos, a falta de tolerância e falta de compreensão mostram-se a principal razão para as separações. Mas também acredito que a facilidade em se apaixonar por outra pessoa num abrir e fechar de olhos ajude a tomar a decisão de pôr termo a um relacionamento, quer este seja curto ou longo.

    Parabéns pelo blogue.
    Aquele abraço.

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  4. Caro Radar,

    Permite-me apenas fazer um reparo ao teu comentário, assinalando um trecho que talvez revele diferenças nas nossas convicções acerca deste tema na sociedade:

    Tu dizes: "Infelizmente ha ainda pessoas que associam o amor apenas ao que se ve na televisao e se le nos livros."

    Eu diria "Infelizmente, há cada vez mais pessoas que associam o amor apenas ao que se vê na televisão e se lê nos livros"

    Amistosamente,

    Marcelo Melo

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  5. Caro Ivo,

    Fazes questão de assinalar, e bem, que a leviandade existe não só no finalizar as relações por motivos aflorados neste texto, como também no encetar relacionamentos.

    Conforme te disse pessoalmente, hoje em dia a pessoa tem duas soluções ou embarca na padronização ou não embarca. Penso que o meio termo não é sustentável.

    Abraço forte,

    Marcelo Melo

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