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Sobre a progressão automática no que quer que seja

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Foi através do sistema público português que contactei com o conceito de progressão automática. Falava-se do melhoramento de condições de profissionais pela via da antiguidade em detrimento do mérito ou provas de reconhecimento.

A estrutura lógica deste conceito levou-me a pensar naquilo que sucede em alguns aspectos da vida que não os profissionais, sobre os quais o conceito incidia.

Existem aspectos na vida que vão mudando consoante a evolução do factor tempo, sem que tenham em linha de conta as reais capacidades, faculdades ou qualificações das pessoas envolvidas.

A título de exemplo, veja-se o marco etário da maioridade, que determina a chegada à condição de adulto e a todas as consequências legais que daí decorrem, e que pressupõe que um indivíduo com 18 anos seja capaz de assumir uma série de responsabilidades apenas porque atingiu essa idade. O elemento-chave do conceito de progressão automática é o valor da experiência, a sabedoria obtida via empirismo, e o quanto pode pesar na avaliação de um ser humano.

Aos 18 anos como aos 50, pressupõe-se que o indivíduo tenha atingido conhecimentos consoante uma duração, e é nesse pressuposto que atinge a maioridade ou que evolui na carreira. Só que convenhamos que viver com pressupostos é correr o risco de duas coisas: uma delas é atribuir algo a quem não está preparado para ela ou que não tem condições para a merecer, e a outra é que as pessoas em causa se apercebam de como a idade lhes garante por si melhorias em alguns aspectos da vida, e que passem a ser oportunistas e interesseiros, sob esse ponto de vista, viciando as coisas.

Não me consigo afirmar como um contestatário total do conceito de progressão automática, mas admito que na falta de mecanismos de controlo das imprecisões desse sistema, corre-se o risco abalar a sensação de justiça, de qualidade ou de mérito. E isto transcende o mundo profissional, aplica-se também à vida.

1 comentário:

  1. Bom texto. Na minha opinião, o maior desafio será arranjar um método consensual que consiga efectivamente avaliar as competências e o mérito. Uma vez que o que for "medido" não é sempre algo quantificavel, tratando-se muitas vezes de factores e conceitos algo abstractos, para poderem ser "medidos" com algum tipo de teste.

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