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Sobre a blogo-amizade*

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* Fareleira Gomes escreveu um texto na qualidade de Amigo do 3vial e é o oitavo participante desta iniciativa:

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A internet á a expressão máxima do poder criativo e inventivo do homem. Nunca nenhuma ferramenta por si criada atingiu a dimensão que a internet alcança, não só pela capacidade de armazenamento de informação que contém, mas principalmente pelo poder de comunicação que permite à humanidade.

Muito embora tenha resistido, durante muito tempo, à adesão a esta poderosa criação da mente humana, talvez inibido pelo descomunal alcance que lhe adivinhava, pois a minha geração fez-se gente na limitação das coisas pequenas, por influência dos meus dois filhos acabei por ir descobrindo a net, lentamente, passo a passo, cuidadosamente, como quem caminha por um terreno minado, desconfiado, parando a cada canto, observando minuciosamente cada pormenor.

E muito embora continue a ser um mero aprendiz, crente em que nunca ascenderei a um patamar superior, descobri a blogosfera.

Nesta incomensurável multidão de páginas virtuais, navegando por ela, de vez em quando deparamo-nos com tristes blogues bolorentos, abandonados pela mente que os criou, agarrados avidamente à última mensagem que ali foi escrita, como se dela dependa a sua vida. Mas outros existem, e aos milhares, muitos milhares, que explodem de vida e criatividade. Neste oceano imenso é impossível a qualquer um chegar a todo o lado. Assim, dentro deste quase infinito universo, vão-se criando uma espécie de sistemas solares (vazios de estrelas), em que um grupo de blogues coabita, formando uma pequena comunidade, mesmo quer fisicamente se encontrem a dezenas de quilómetros, centenas, milhares, um oceano inteiro a separá-los.

E é fascinante vermos pessoas com os nomes mais esquisitos que se possam imaginar, e outros chamando-se a si próprios nomes de gente (restando saber se são os seus verdadeiros nomes), trocando ideias, comunicando sentimentos e experiências, dentro desse exíguo sistema solar, cimentando amizades, que por vezes têm mais substância do aquelas que , realmente, comungam connosco o quotidiano. A dado momento começamos a sentir necessidade de abrirmos a janela da nossa nave espacial, o computador, e colocarmo-nos em comunicação com os outros planetas que perto de nós gravitam, mesmo que estejam num outro continente - os nossos amigos, que nunca vimos, que provavelmente nunca chegaremos a conhecer, mas que, fabulosamente, preenchem um pouco da nossa vida, fazem um pouco parte dela.

Esta é a magia da blogo-amizade. Sendo virtual, enriquece a realidade.

2 comentários:

  1. Caro Fareleira Gomes,

    A publicação do seu texto é o culminar de uma amizade nascida e mantida pela internet entre duas pessoas que se desconhecem fisicamente, a qual pela minha parte poderei assegurar que tem "mais substância" do que muitas "que, realmente, comungam" comigo "o quotidiano".

    Sabe, a internet tem um enquadramento curioso na vida de qualquer pessoa: tem tanta utilidade e potencial quanto mais abertos forem os horizontes dessa pessoa ou mesmo quanto mais criativa e sedenta de comunicação e informação essa pessoa for.

    Existe uma certa juventude que apesar de se constituir usuária frequente da internet, desconhece escandalosamente as potencialidades da mesma, das quais se pode referir a blogo-amizade e toda dinâmica lhe subjaz.


    Esta possibilidade de se criar uma página e se começar a escrever para o mundo, havendo a hipótese de se encontrar gente que se revê no que escrevemos, que vive com uma carência semelhante, ou que nos dá a conhecer os seus próprios escritos de forma personalizada, é para mim uma fonte de prazer tremenda que muito me custaria erradicar dos meus tempos livres.

    Obrigado por se ter tornado num amigo do 3vial, a sua oficialização como tal era mais do que devida.

    Com amizade,

    Marcelo Melo

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  2. Meu caro Blogo-amigo Marcelo Melo,
    foi com imenso prazer que escrevi o texto que agora publicou. Não poderia proceder de outra forma, perante o seu tão simpático convite. E foi também um imenso prazer ver um texto meu, publicado neste blogue, quando o seu autor é um verdadeiro especialista das palavras, que além de muito bem escrever, fá-lo analisando com profundidade a sua sociedade e o seu tempo. Você, Marcelo Melo, está a tornar-se um pensador. Me atreveria a dizer que, em si,encontramos na forja um segundo Agostinho da Silva.
    Honrado com o seu convite, lhe envio um forte abraço.
    Fareleira Gomes

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