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Sobre o desnorte metereológico

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2154833_944e_625x1000 A época do ano em que o Inverno ainda está presente mas existem já uns tiques primaveris na temperatura do ar, espalha pelo país um estranho fenómeno de confusão indumentária que semeia algum desnorte nas pessoas.

Um agasalho é uma peça de vestuário tipicamente do Inverno, que visa proteger contra o frio, funcionando como um isolante do calor gerado pelo nosso corpo.

Quando não está um frio moderado mas chove, as pessoas usam agasalhos como se estivesse muito frio. Fazem-no porque sabem a chuva é água e a água molha e o molhar arrefece, provocando arrepios de frio. Portanto vestem casacos e kispos para além de camisolas de manga comprida.

Nesta lógica, como o frio que justifica o uso de casacos e kispos provém do contacto do molhar-se, se a pessoa não se molhar dificilmente o casaco ou kispo serão dispensáveis porque a temperatura assim não o exige.

Pelo contrário, sair à rua sem casaco ou kispo num dia de chuva parece ser um tonteria e uma irresponsabilidade. As pessoas sabem que não andar com protecção no vestuário aumentará a chance de se molharem e de virem a ter frio.

Deste modo, cria-se então um problema sem resolução aparente, que lança, como disse, desnorte nas pessoas, que é a impossibilidade de se ter conforto num dia de chuva e sem muito frio.

Pergunto-me há quantas gerações as pessoas convivem com este problema sem que aparentemente tenham havido desenvolvimentos no sentido da identificação do fenómeno. Poder-se-á dizer que isto são pseudoquestões irrelevantes e provenientes de quem tem tempos livres para ocupar. Pois bem, permitam-me que especule quantas pessoas ficaram já doentes à conta deste fenómeno. Só isso bastaria que houvesse quem se dedicasse a isso e pudesse ao menos prevenir as pessoas para o facto de o tempo não ser o único culpado do desconforto que sentem.

3 comentários:

  1. Caro Marcelo Melo
    a transição do inverno para a primavera e do verão para o Outono, para mim, são épocas em que tenho muita dificuldade de acertar com o vestuário. Saído do inverno ainda me encontro psicologicamente agarrado ao frio, e quando chego à rua constato que me agasalhei demais e na entrada do outono dá-se o inverso.
    No início deste inverno em que ainda estamos, finais de Outubro do ano passado, lembro-me do calor que estávamos a viver, com os lojistas dos pronto-a-vestir a reclamarem que o negócio estava muito mau, porque a roupa de inverno que tinham em stock não se vendia. Pois bem, o inverno ouviu-os, e de seguida tivemos um dos invernos mais rigorosos de que tenho memória. Afinal o negócio deles foi de vento em popa. A metereologia anda confusa...e a natureza extremamente zangada. O homem de alguma forma tem de pagar a factura pelos seus excessos.
    Com amizade.

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  2. Caro Poeta do Penedo,

    Quando diz que a meteorologia anda confusa, há dois entendimentos possíveis: ou está a referir-se à ciência da meteorologia e à sua capacidade de previsão, ou então está a referir-se aos eventos meteorológicos que têm ocorrido no planeta.

    Confesso que tive um comentário esta semana no blogue Clube de Pensadores (que comecei a acompanhar nesta mesma semana) a respeito do clima, no qual transcrevi um texto meu chamado "Sobre o planeta em risco", por um motivo que está presente no seu comentário também: quando diz que a "natureza está extremamente zangada" assume-se que a natureza é uma entidade com características humanas que pensa e se enraivece.

    Pois, a meu ver, é preciso ter algum cuidado com esse conceito, porque me parece que subtrai ao homem a noção de que ele próprio faz parte da natureza e incentiva a ideia de que a natureza em si tem um querer próprio, o que não é de todo verdade, porque a Natureza não tem livre arbítrio sobre o que acontece.

    Amistosamente,

    Marcelo Melo

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  3. Caro Marcelo melo
    é claro que quando digo que natureza anda zangada, é em sentido figurado. O que pretendo dizer é que o homem, na sua incomensurável sabedoria, convenceu-se de que o seu cérebro, o mais desenvolvido do reino animal, dá-lhe poder para dominar os elementos. No entanto, a natureza, no seu caminhar pachorrento, de há alguns milhares de milhões de anos, teve esta primeira década do séc. XXI vários momentos da sua demonstração de força, de várias formas, em vários pontos do globo, o que deixou o homem siderado. Coitado, achou ele que já sabia mais do que os seus ancestrais de Pompeia. Mesmo com todas as tecnologias que tem hoje ao seu dispor, tem sido tão surpreendido como os romanos do início da nossa era.
    Então, não anda zangada a natureza?
    Claro que anda.
    Com amizade.

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