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Sobre amar segundo a máxima 'sem ti a minha vida não faz sentido'

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Há quem faça uma abordagem ao amor e às relações que ouso classificar como kamikaze, embora salvaguarde a bondade da mensagem que se quer passar ao ente amado.

Falo dessa forma de amar que, na tentativa de mostrar o quão bem a pessoa se sente junto do outro, ou o quão motivado está para partilhar a sua vida com ele, se autoarmadilha num extremar de discurso do tipo "sem ti a minha vida não tem/faz sentido". Percebo porque se pensa assim, mas não perfilho nem incentivo esta abordagem.

De repente, é tão mais 'fácil' amar alguém porque se sente que sem essa pessoa não se consegue viver, do que, ao invés, ainda assim amá-la ciente de que não se depende dessa pessoa para viver. A primeira abordagem é uma bebedeira de intensidade mas dá azo a um toque de obrigação (tens mesmo de a amar senão a tua vida não fará sentido! Afinal, que outra opção tens?) enquanto que o segundo, apesar de menos poético, concentra a sua força no poder de quem toma uma decisão entre outras e se firma nela como algo que decidiu para a sua vida.

2 comentários:

  1. Bruno Figueiredo9:54 da manhã

    Estou crente que um dia a tua opinião sobre isto mudará!

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  2. Entendo perfeitamente o que queres dizer, e é válido. No entanto, na fase de desenvolvimento actual do ser humano (que reside essencialmente no seu aspecto psíquico com todos os seus dramas emocionais), acho ainda extremamente raro conseguir-se esse desapego do outro (porque é o desapego que distingue essas duas abordagens que apontaste), ao ponto de amar pelo amor em si e não de amar também pela necessidade e pelo preenchimento que o outro nos traz. Nesse caso teríamos que ser pessoas completas em nós mesmos, ou seja, perfeitas, sem vazios que o outro teria que preencher e agir como complemento. O que ainda é uma realidade algo distante...
    Mesmo as pessoas que actualmente dizem amar pelo amor em si, falham redondamente, mentem para si mesmas, não entendendo esse conceito que apontas, pois caem geralmente numa promiscuidade de amores constantemente alternados e facilmente substituídos, enquanto se "desculpam" com um desapego falso e egoísta.
    Neste equilíbrio, nada fácil, está o verdadeiro amor: aquele que não aprisiona mas liberta, aquele que é estável mas dinâmico, que constrói algo maior que a soma das partes, que faz evoluir e torna o ser incompleto em completo e não em eternamente dependente, aquele que focado numa pessoa especial tem ainda assim a potência para se virar para toda a humanidade como um Ser único. Contam-se pelos dedos das mãos os seres humanos que foram capazes de amar assim.
    O maior desafio consiste em descobrir como continuar a ser um ser individual, com o seu próprio caminho e missão de vida, quando se vive algo que tente a unir e a fundir (o Amor). Antes que sejas testado verdadeiramente e duramente pelo Amor, "nunca digas nunca"... pode ser que ainda sintas algo semelhante por alguém, mesmo não o querendo dessa forma. :)

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