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Sobre o livro 'Memórias Póstumas de Brás Cubas' (Machado de Assis) e o Realismo de escrever pouco mas bem para se contar uma boa história

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Memórias Póstumas de Brás Cubas é um livro único em absoluto, e preferencialmente apreciado por todos os que não apenas estimem uma boa história, mas também encontrem na concisão e criatividade qualidades valiosas em literatura. Num tempo em que se publica a metro e em que muitos mais se deveriam perguntar se se justifica o tempo que querem roubar ao leitor, Machado de Assis mostrou há mais de 200 anos como um bom livro nada tem que ver com o número de páginas escritas.

A história fala-nos de Brás Cubas, na qualidade simultânea de defunto, narrador e protagonista mor do enredo, e com ela Machado de Assis inaugurou e celebrizou para a posteridade a corrente realista em língua portuguesa. Sucintamente, o livro trata do percurso de um jovem privilegiado pela riqueza e cultura, que vagueia pela vida ao ritmo de falsas partidas e ausência de motivos reais de realização. No amor e no trabalho fracassa, e o expoente máximo da sua vida é o adultério prolongado, mesclado com a frustração de coabitar e ser adjunto político do marido da consorte.

A título de exemplo, é extraordinário que um autor consiga abdicar de escrever um capítulo inteiro e  o troque apenas pelo título (que basta para se perceber o avanço na história), tal como é que estonteante que o próprio narrador qualifique alguns capítulos que escreveu (e obrigou o leitor a ler) como sendo maus ou desnecessários. Na minha opinião, o livro vale sobretudo pela forma como o conteúdo está organizado, sem a qual a história poderia a arriscar-se a ser medíocre. Pelo exposto, Memórias Póstumas de Brás Cubas é uma obra de referência em matéria de expressão escrita, que merece e justifica todo o destaque possível na atualidade, sobretudo pela bênção de se tratar de uma produção lusófona.

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