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Sobre o saber falar

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Pela boca morre o peixe. Este é um ditado popular que em tudo sintetiza aquilo que me proponho reflectir hoje.
Sendo a boca, pelo processo discursivo, o elo primordial para manifestação de um ser, como é possível que nos acomodemos com uma leviana educação linguística, sem que sejam levados a cabo esforços que capacitem as gerações vindouras para o dom da fala, enquanto atributo chave que é.
É notória nas ruas a presença de uma inabilidade para falar bem, para explorar o vasto leque semântico em detrimento do calão. Contudo, mais grave do que isso é a postura assumida no processo discursivo. A inexistência de esforços madrugadores para a criação de flexibilidade linguística conduz, em certos casos, a uma frustração tal que induz reacções agressivas aos que se vêm colocados perante um problema onde os mesmos atributos discursivos deveriam surgir como moderadores da resolução da quezília. De qualquer forma, o elemento acusatório não se deve voltar tanto para estes, antes para aqueles que tendo elementos discursivos mais ou menos desenvolvidos, descredibilizam o seu pendor com uma postura corrosiva que apenas permite uma troca de argumentos inicial, seguida de um consequente colapso da discussão por fraqueza emocional ou por criação de zanga assumida.
Trazendo estas inquietudes comigo, quando ouvi um jovem rapaz dizer convictamente que era incapaz de compreender a finalidade da existência de uma disciplina de nome Filosofia, supus que obviamente só poderia estar a referir-se à estruturação da disciplina e não à sua existência em si. É que quanto à existência, talvez fosse de mais pertinente antecipação do que o Inglês em si, já que quem não sabe falar, não o sabe independentemente da língua, por muito que se esforce.
Pela boca morre também homem, de mais maneiras até que o peixe. O peixe só morre a comer. Nós morremos a comer, a fumar, a beber, e, pasmem-se, a falar.

1 comentário:

  1. De facto assim é.
    Uma brilhante reflexão a pedir outras mais já que com a línguagem dos humanos aqui chegamos!
    A língua será talvez o que mais e melhor nos define e determina.

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