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Sobre a mortalidade dos famosos

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Habituamo-nos a respeitar e invocar os nomes de grandes homens e mulheres do mundo sem que, diversas vezes, em momento algum tenhamos tido o cuidado de procurar descobrir as razões de tal projeção, de tal fama e de tal importância.

A dada altura do processo de alastramento da popularidade, a deturpação do sentido inicial, esse sim meritório de louvores, pode tornar-se de tal forma grande que não mais se sabe bem qual foi deveras o facto motivador do despoletar da onda de popularidade.

Assim, muitos serão os casos de gente a reconhecer os seres humanos importantes e dignos de referência sem contudo saber explicar sucintamente e claramente o porquê de tais elogios. Justifica-se até a eminência dessas pessoas com a própria popularidade, como se essa fosse razão para suscitar ainda mais popularidade.

Trazendo os exemplos para a escala do dia-a-dia, casos existiram em que fui adoçado com expectativa por conhecer alguém ou estar na sua presença e me vi depois nos campos da desilusão pelo defraudar das expectativas criadas. Isto tem algo a ver com o facto de o ser humano, por natureza, se entusiasmar com pouco e tender a relegar para segundo plano todas as restantes coisas, paralelamente à divinização de uma dada virtude.

A perda do fio revelador da virtuosidade pela adulteração ou abolição torna os dignos de referência em nomes avulsos, desprovidos de contexto ou história e, por conseguinte, transforma-os em modelos de curto-prazo que a curto-prazo perecerão pela escassez de argumentos válidos, em sociedade, para a manutenção do seu estatuto. São substituídos pelos famosos do momento, aqueles que não necessitam de relembrar o que quer que seja por estarem na infância do seu caminho rumo à popularidade. Porque não olhar, então, para a nossa cultura e verificar quem são os famosos de sempre e, num exercício de clareza, relembrar/conhecer motivos de tal projecção?

3 comentários:

  1. Concordo contigo.Mas tambem acho que muitas vezes muitas opinioes que se tem sobre um determinado alguem sao influencias de outrem.Quero com isto dizer que muitas vezes as nossas conversas sao baseadas em algo que alguem ja nos o disse e portanto nao ha forma de saber mais sobre isso,se nao o que a pessoa nos disse. Encaro isto desta forma porque creio que grande parte da populaçao portuguesa e muito perigosa e muitas vezes se limita a factos constactados,sem sentirem necessidade de pesquisa.


    Nanii_

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  2. Queria dizer preguiçosa*

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  3. Sim, as pessoas necessitam de mitos.
    O mito que, como dizia Pessoa, «é o nada que é tudo» esteve sempre presente ao longo da história da humanidade e por por ele podemos interpretar e datar as épocas.
    Os famosos são pequenos mitos, também eles obedecendo às regras gerais do mito.
    É na verdade um tema aliciante, contudo muito complexo, penso eu...

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