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Sobre a permeabilidade aos outros

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A permeabilidade individua l aos assuntos , opiniões e ideias avançadas pelos outros depende não apenas das hipotéticas convicções que transportemos connosco, como também do locutor que as introduz e envolvência associada.

Um indivíduo sem créditos conhecidos sobre uma dada matéria corre o risco de ser indevidamente levado a sério, independentemente da pertinência e verdade de duas palavras ou ideias.

Temos uma apetência natural para abrir o flanco a locutores que respeitemos, reconheçamos notoriedade e sapiência, isto é, mais facilmente neutralizamos o filtro interno, às exposições externas, pelo respeito devotado ao orador.

Muitos comentadores da televisão dizem disparates sem que o público deixe de ser permeável e sem que se abalem as convicções para o fazer, do público que escuta. Existem, pois, evidências claras da existência de naturais argumentos de autoridade.

Há ainda outro prisma sobre o qual considerara a aceitação das considerações dos outros, este mais narcisista, no qual é legítimo pensar que a permeabilidade é concedida mediante a sintonia de personalidade, ideologias ou relacionamento, entre o locutor e o receptor. O narcisismo reside na eventual permeabilidade a pessoas que de alguma forma contenham traços personalísticos, ideológicos concordante com as nossas, ou com quem tenhamos um relacionamento privilegiando, levando por consequência a uma promoção dessas qualidades partilhadas, a qual no limite desemboca na auto-promoção.

Por gostar de escrever, quando escuto ou leio um colega que partilhe este interesse, poderei estar mais permeável ao que diz, podendo concordar com ele mais facilidade até, porque indirectamente estarei a promover alguém que contém elementos que me valorizam a mim, e como tal, alguém que me permite tirar proveitos pela confirmação do meu gosto, situação que extravasa o valor intrínseco de suas palavras e ideias.

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Sobre as explicações espontâneas

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Ressalvando as explicações que sejam dadas por pura cortesia e sensibilidade, quando o orador identifica as fraquezas do seu público e como tal explica melhor o que diz, passo a abordar de forma genérica os casos que não se enquadrem neste cenário.

Aquilo que me traz a um novo texto, foi ter-me apercebido do quão as explicações que damos, nem sempre de forma consciente no nosso discurso, indiciam o nosso desconhecimento ou fraco domínio das matérias em jogo no discurso.

Pelas explicações dadas por um orador que não seja solicitado no sentido de as fornecer, é possível supor com um razoável grau de confiança os conhecimentos que detém com certeza mas em particular aqueles que em que não consegue abordar com naturalidade suficiente para não achar que deve explicar. Nestes casos, não raro se assiste a uma simplificação do assunto, que é desconstruído em considerações e ideias mais simples e revela que só num patamar mais básico é que o orador se tranquiliza.

Um indivíduo que esteja a explicar um texto e que pare numa palavra em específico para explicar o seu significado, está a dar um sinal à sua plateia de que desconhecia ou conhecia tenuemente aquela palavra. Do mesmo modo, alguém que explica o que é fotossíntese quando refere um assunto que a implique mas que não incida especificamente no seu conceito, estará a mostrar aquilo que poderá ser uma fraqueza pessoal face àquele tema. Tendemos a pressupor nos outros as nossas fraquezas, o que leva a que achemos espontaneamente necessário explicar aos outros aquilo com que esbarramos, que não sabemos bem e precisamos de ajuda.

Isto levanta uma oportunidade, que surge em contracorrente ao sentido deste texto: pelo reconhecimento de que as explicações expõem possíveis fraquezas do orador perante a sua audiência, aquele que estiver consciente desta situação pode procurar controlar e contornar uma exposição que viria ser desgastante e desnecessária. Por esta via, o orador pode-se salvaguardar de uma inferiorização, dando melhor imagem de si.

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Sobre a pornografia literária


A estrondosa e avassaladora oferta que hoje se encontra no mercado livreiro, impõe um natural respeito, porque a comercialização de um livro estende-se muito para além do valor intrínseco da obra. Hoje há massificação de temas e há que ter bem presente que uma mesma coisa escrita por outro autor vale menos do que uma outra coisa escrita pelo mesmo autor.
O fenómeno literário que se vive hoje, perdoem-me por usar as palavras que vou usar, pode ser enquadrado numa certa forma de pornografia literária, que difunde a banalização do valor das produções, pela adulteração do sentido de singularidade, ou seja, pela forma como se desrespeita o que é conceber e delinear um livro, em detrimento de um sobrepovoamento de publicações nas prateleiras.
Como consequência dessa pornografia literária temos a explícita comercialização das obras como vector a considerar e até principal para a viabilidade de edição das mesmas. Aliás, diversos autores atingem uma profissionalização fácil devido a incorrerem na escrita mediática, totalmente voltada para o populismo e para o alcance da escala comercial.
A minha ambição de poder vir a escrever um livro, choca com estes conceitos, porque pego num livro para ler e penso no quão difícil possa ser chegar a um produto final, fechado, pronto. Imaginar a escrita de um livro como sendo algo não tão díspar quanto isso de um pegar num moldes e fazer réplicas sucessivas, não se me desmotiva como me aborrece e entristece. Há um esoterismo muito próprio que identifico no processo de conclusão de um livro, o qual não gostaria de ver perdido nem de ver chacinado da forma como as garras comerciais têm andado a fazer.
Hoje os nóbeis e notáveis do ponto de vista da matriz da Literatura, aqueles que serão estudados como cânones do nosso tempo, perdem espaço para pornógrafos literários que escrevem com cifrões e se refugiam neles para se afirmar como autores.
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Sobre o arranjar companhia e o deixar de estar só

Arranjar companhia, do ponto de vista ideológico, é uma filosofia distinta daquela encontrada naqueles que querem é deixar de estar sós.
Aquele que está só e quer inverter a situação, parte para o mundo com uma motivação muito mais pragmática do que o indivíduo que sinta precisar arranjar uma companhia.
As relações humanas são matéria de tamanha sensibilidade que nos detalhes é que se resolvem e definem as coisas.
No meu entender, quem procura arranjar companhia sabe o que tem no momento e sabe o que quer e o quer passar a ter. Quem quer abandonar o estado de solidão sabe o que tem no momento, também, mas não sabe o que o quer, nem o que quer passar a ter, porque centra a sua mente na anulação da sua condição de só.
No dia em que escrevo, o mundo acordou com tantas possibilidades e tantas alternativas, que arranjar companhia é processo deixado para planos menores. Tanta ocupação, tanto assunto em que gastar o tempo, tantas metas por que correr, que arranjar companhia não é mais algo óbvio como o foi décadas atrás.
Aos poucos somos mais facilmente acometidos a deixar de estar sós do que a arranjar companhia. Queremos poder responder aos estímulos do mundo, às metas e desafios, mas chegar a casa ou ao telefone e ter um alguém que oiça, ampare, se ria do que se diga. Não mais falamos em arranhar companhia, porque essa é uma batalha adiada anteriormente que derivou para a batalha de não estar só.
Podemos deixar de estar sós encontrando alguém. Podemos trocar de alguém com maior ou menor frequência e assim nos sentirmos sempre com companhia, nem que diferente a cada vez. Outras vias têm de surgir para a consumação do arranjo de companhia, porque mais do que precisar de alguém que rompa com a solidão, aquele que quer companhia, procura por quem lutar, por quem surpreender, numa postura activa e genuína de interesse, talvez vagarosa, mas selectiva sem dúvida alguma. 
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Sobre o querer e a satisfação

Comparar aquilo que vislumbro como possível de ser feito quando estou ocupado e aquilo que efectivamente considero fazer quando tenho tempo livre, é um exercício vital para se justificar muito do comportamento humano.
Mais que uma vez tive este conversa para comigo: se o dinheiro é o que move e motiva as pessoas a não se confortarem com o que têm e ambicionarem mais, porque motivo estes milionários da vida não se mudam para um local remoto e paradisíaco e vivem suas vidas na plena das tranquilidades, longe dos problemas e desgastes?
Na busca de uma resposta para isto, consigo chegar a algumas pistas. Então se eu não consigo fazer aquilo que pretendo fazer, sobretudo quando não posso, porque no momento em que posso parece que pretendo fazer é outras coisas, talvez assim seja com essas pessoas e com todos nós, aliás.
Pergunto-me se, de facto, alguém se mudasse para um desses locais remotos, quanto tempo demoraria a mudar a sua forma de pensar, a dizer: mas afinal é esta a minha contribuição para o mundo?
Só tendo noção de que precisamos de um sentido que nos faça justificar a nossa acção ou falta dela, é que podemos apreciar a vida que temos e os esforços que se nos levantam. Eu posso chegar a casa e decidir que vou passar quanto tempo quiser sentado numa poltrona a sentir o tempo passar, olhando para as paredes e pensando no rumo da minha vida. Mas se o fizer, se facto conseguir chegar a este ponto, que, diga-se, seria uma superação, mais minuto menos minuto, a mente processaria ideias de forma diferente e aquilo que antes fazia sentido, o sentar-me na poltrona, como disse, passa a não fazer. O ser humano é inconstante no seu querer. Quero isto mas quando tenho isto, isto não me chega, quero novamente aquilo que tinha antes disto, ou então algo novo. E isto já nada tem que ver com o dinheiro, isto é a natureza humana a predominar, o vício da constante mudança e da constante insatisfação. 
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Sobre as oportunidades de diferenciação

Passamos pelas oportunidades de marcar e mudar radicalmente a nossa vida todos os dias. Temos ao nosso dispor esse poder de decidir em que tipo de coisas investir, se naquelas que já conhecemos e nos conferem tranquilidade, se nas que nos são estranhas e podem diferenciar o rumo, conteúdo e signiicado da nossa vida.
Consegui introduzir uma forte diferenciação da minha vida este fim-de-semana, integrando uma equipa de formandos e formadores que condensou em três dias uma actividade colectiva notável, um esforço conjunto de superação notável.
Mudei radicalmente a minha vida ao integrar espontaneamente e conscientemente este grupo, basta pensar quantos não foram os que tiveram apenas mais um fim-de-semana e que ganharam em tranquilidade aquilo que consegui obter em diferenciação.
Discutia muito recentemente isto num círculo de colegas, o facto de a juventude crescer em demasia assente no conceito de estabilidade do que no conceito de diferenciação. É lógico que o medo de investir e optar por algo que nos é novo e suscita dúvidas existe. Mas a existir existe para todos. Os meus colegas não podem esperar que as suas vidas se resolvam favoravelmente por si, sem que sejam donos dos seus destinos.
Pela mesma mesa onde parei, me informei e esclareci minhas dúvidas, muitos outros passaram sem prestar qualquer atenção ou mesmo reparar que poderiam marcar e mudar radicalmente suas vidas caso respondessem à oportunidade que aquela mesa representava para o futuro do que poderão ser enquanto pessoas e profissionais.
A vida faz-se de constantes oportunidades e inoportunidades, cabendo-nos passar por elas e mergulhar nas que nos suscitem compatibilidade com os nossos objectivos.
Não podemos garantir à partida o local de chegada a que cada oportunidade nos levará, mas podemos apontar genericamente para um caminho e esperar e que a oportunidade faça a sua parte. Num mundo tão repleto de gente interligada só pela diferenciação nos fazemos notar, mas para isso, à segurança da tranquilidade temos de dizer “até já”. 
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Sobre os actuais locais de instrospecção

Atendendo à irrefutável carência de tempo que já se pode considerar uma característica da era em que vivemos, a introspecção tem vindo a perder o seu carácter de rotina estabelecida na vida das pessoas, para se espremer e encaixar algures num momento em que seja menos desconfortável e inoportuna.
Os locais de culto estão tornar-se inadequados porque as pessoas não têm tempo para ir a um desses sítios pensar na vida e no mundo que as rodeia.
Ao invés, nota-se cada vez mais que os grandes locais de culto das pessoas surgem pura e simplesmente aonde tenham de parar ou quedar-se por algum tempo. O trânsito é o principal responsável pela introspecção diária que se vai fazendo. Julgo que as pessoas, aprisionadas em filas perturbantes de veículos sem ter para onde ir, acabam por se ver reféns daquele embaraço logístico e como tal são obrigadas a fazer uma coisa que começa a ser contranatura: parar. Uma vez paradas, podem então fazer as suas introspecções. Os meios de transporte são, portanto, o principal local de culto dos tempos de hoje. Em verdade, uma larga fatia dos textos deste blogue corresponde a ideias que foram desencadeadas por introspecções nos transportes públicos.
As viagens são o grande aliado das pessoas para que consigam ter alguma apetência para se pensarem e se reflectirem cabalmente.
É que a chegada a casa é sinónimo de um rol de estímulos e tarefas a executar que levam ao adiamento por tempo indeterminado da introspecção caseira, e o que dizer da introspecção em locais de culto.
Permanece no entanto uma dúvida, que é a de se esclarecer se as pessoas estão tão introspectivas como dantes, quando tinham na sua rotina a ida aos locais de culto.
Talvez agora se assista a uma introspecção mais auto-didacta e menos orientada para determinados caminhos, o que é um voto de confiança na autonomia individual, mas que consiste num enorme desafio de coerência, imparcialidade e persistência. 
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Sobre os produtos biológicos

Nos últimos anos temos assistido a uma avalanche do uso e abuso da palavra “biológico”, ou mesmo do prefixo bio.
Motivados possivelmente pela realidade da poluição, os produtos naturais criados sem recurso a técnicas explorativas que recorrem aos adubos e químicos preventivos de pragas, viram o adjectivo “naturais” perder força, e o surgimento do seu substituto, o termo “biológico”, esse sim temperador do sentido desse tipo de produção agrícola.
Ora parece-me que esta questão dos produtos serem designados biológicos no lugar de serem simplesmente naturais, termo este que contrapõe à possibilidade se serem artificiais, é uma questão do foro das marcas e da gestão das imagens de marca.
Os produtos que são alvo de químicos, de tratamentos, e que como tal crescem de forma produtiva e rentável, não deixando de ser produtos naturais, levaram a que fosse necessário conceber um termo para destacar de entre esses produtos naturais, aqueles que crescem de modo mais selvagem e descontrolado.
Só que o termo biológico, levado à letra, acrescenta muito pouco a esta discussão e diferenciação dos produtos. Ao fim e ao cabo, assim como os produtos naturais são aqueles que levando químicos ou não, dependem da natureza para se desenvolver, os produtos biológicos, devem ser aqueles que provêm da biologia, que são espécies da natureza. Tal dístico é ainda pior na promulgação da diferença que se pretende realçar, na medida em que direccionar a questão para ser espécie da natureza ou não, acaba não só por cair na questão de ser natural ou artificial, como acaba por subtrair à selecção aquele que parece ser o argumento principal em toda esta trapalhada: o recurso a produtos artificiais para optimizar o desenvolvimento natural.
No meu entender, usar e abusar do termo biológico, não só retira realidade ao tratamento dos produtos, como exige à pessoa um poder de abstracção sobre possível sentido da nomenclatura usada, tão à moda do senso comum.  
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Sobre os blogues políticos

Espanta-me e preocupa-me a quantidade de blogues dedicados à política.
Se por um lado é de louvar que os cidadãos se interessem pela gestão pública e políticas para a nação, a verdade é que tantas vozes a falar por si, não se  confundem como perdem a sua personalidade.
Sai um notícia e logo todos a referem, todos opinam sobre ela, todos se acham dignos comentadores das mesmas. E depois entram numa linha de citação uns dos outros, que acaba por estabelecer pactos de sustentação das páginas uns dos outros, bem como da valorização das opiniões dos outros para que a nossa seja valorizada por eles também.
Não me acho no direito de abusar da crítica ao funcionamento dos blogues, já que estes destacam-se pela sua liberdade funcional, mas enquanto portador de opinião própria, acho que o sistema de citações acaba por retirar o valor intrínseco de um blog enquanto espaço de um autor, talhando-o mais como uma fatia de outros blogs, um remendo de vários blogs.
No que toca à política e aos que se cingem a ela nos seus blogues, sou levado a confidenciar que olho para alguns deles e noto um corporativismo ideológico que leva ao alinhamento e promoção das mesmas ideias em espaços distintos.
Esses blogues políticos agrupam-se um pouco com base na afinidade ideológica, tornando-se forças políticas no espaço virtual, com intuito de moldar as mentes dos que lêem suas publicações com base nas suas crenças partidárias, políticas, ideológicas.
A formatação dos blogues como reacções às notícias leva a que não haja qualquer tipo de interesse em ler e acompanhar múltiplos espaços desse tipo, visto que certamente o indivíduo se entediará perante tamanha repetição de palavras, frases, ideias.
E há ainda algo mais que me preocupa, factor que a meu ver contribui para um perda de valor dos blogues de carácter político, que se resume a uma falta de cuidado do tamanho dos textos. Há textos enormes que rodeiam as questões e que facilmente seriam substituídos por três ou quatro frases. Trata-se de demasiada retórica bloguística, por assim dizer. 
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Sobre o fracasso pelo atraso

O sentimento de chegar atrasado ou tarde de mais a determinado objectivo, situação ou pessoa, nem sempre pode ser contornado pela mentalização de que um atraso para esta oportunidade signifique um adiantamento para a próxima, pela suficiente razão de que pode não haver outra oportunidade seguinte.
Um lugar já ocupado, uma porta já fechada, um autocarro que já partiu, um contacto que já outro descobriu primeiro para os mesmos objectivos, uma meta passada em segundo lugar, uma paixão já ocupada por outrem. Sucedem-se em número e diversidade as frustrações por não se conseguir alcançar de forma pioneira aquilo a que nos proponhamos alcançar.
O mundo desloca-se e desenrola-se independentemente do nosso ritmo, não estando por nada a aguardar a nossa presença para nos entregar as oportunidades de bandeja.
Dominar os nossos fracassos é condição vital para que nos tempos de hoje seja possível manter uma mente saudável. O nosso autocarro já partiu, o nosso lugar ideal no estádio já está ocupado, a nossa oportunidade de promoção esfumou-se, a pessoa que desejávamos conhecer melhor já tem dono, só nos resta de facto saber superar os desaires que se nos impõe à revelia da nossa vontade.
Saudemos este mundo que não nos guarnece com tudo o que queremos, da forma como o queremos, pois é essa luta que dá sabor às conquistas e às decisões arrojadas.
Rendermo-nos ao desaire, achando-nos filhos do infortúnio é erro tão grande como o de escusar reflectir sobre o que correu mal e tentar clarificar até que ponto depende de cada um de nós o sucedido.
Arrisco dizer que a oportunidade seguinte existe na maioria dos casos, ainda que de formas não propriamente iguais em forma, mas idênticas em resultado.
Existirá pois um rumo preciso que converge com a mesma oportunidade que fracassou, perdido no meio do pessimismo ou desistência que dão tudo para nos assomar.
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Sobre o dilema da qualidade e quantidade na escrita

De que forma pode alguém saber se está a produzir material escrito em qualidade e quantidade de acordo com o seu potencial?
É importante à partida encarar esta questão ciente de que a temática das produções escritas é variável de elevada dependência no desfecho final da pergunta inicialmente avançada.
Se ignorarmos num primeiro momento a questão da qualidade, poderia afirmar sem receios que o tema determinaria a quantidade, na medida em que uma tendência para a escrita sentimental, aquela de fala de emoções e estados de espírito e que se perde nessa temática, levaria a um caudal rico de textos e reflexões, uns melhores que outros, umas mais claras que outras, naturalmente.
Tornar-se-ia um tédio abdicar da qualidade e avaliar tudo numa base quantitativa, embora se ganhasse em objectividade.
Sucede que a temática mexe também na qualidade e esta determina profundamente o valor da quantidade de material escrito produzido, podendo-se por fim analisar a proximidade ou distanciamento do que advier dessa análise comparativamente ao potencial que identifiquemos em nós.
A escolha de temas menos óbvios ou senso comum, porventura mais técnicos e abstractos, leva a que se escreva menos pois a dificuldade em desbravar o assuntos associada à motivação própria que exigem para os aflorar, assim o impõem. Contudo, a produção de um texto de eventualmente mais árdua interpretação sobre um assunto complexo e talvez órfão de intuição, pode constituir um ganho adicional superior a resmas de papel escrito sobre banalidades ou questões pouco racionais.
Só pela análise conjunta destas variáveis se poderá arriscar um palpite sobre o produto global do acto da escrita, ao qual se deverá somar os passos dados a favor de uma evolução literária que se exige. Escrever não deve ser um acto descomprometido.
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Sobre a ilusão das marcas














Quando se pensa no significado de uma marca comercial, não menos importante deve ser a atenção dada a tudo aquilo que não é visível fisicamente numa etiqueta, adesivo ou placa.

O grande objectivo das marcas, e como tal motivo de grande esforço, é investir euros na criação e manutenção de uma árvore de conceitos que permita que se desenhe no subconsciente dos consumidores a noção do tipo de pessoas que cada marca pretende representar, o tipo de personalidade, mentalidade, estatuto, atividade.

Na última visita que fiz a um centro comercial, apercebi-me de como as marcas batalham essa relação com os consumidores. Uma vez conquistada a confiança do consumidor, surge uma situação peculiar mas bastante comum que é o consumidor deixar de questionar se determinada marca representa aquilo que este pretende ser, enquanto ser que reflecte e decide. Garantida a confiança do consumidor, as marcas rompem a barreira da crítica e ganham uma autonomia gigante para venderem a estes consumidores conquistados qualquer produto que proponham, sem que lhe tenham de relembrar que tipo de pessoas estão representar. Independentemente do padrão da roupa, do cheiro do perfume, das linhas do carro ou do feitio do relógio, a mera inscrição da marca é garantia de sucesso.

É por este motivo que se fala num mundo das marcas, que nada mais é do que um mundo de ilusão, no qual se troca a liberdade de decidir do que se gosta pela ilusão de se acreditar que se é aquilo que as marcas dizem que são os que consomem aquilo que vendem.

Torna-se pois imperativo para qualquer marca conceber bem o seu posicionamento no segmento, identificar perfeitamente o público que pretende representar e que ambições tem esse público, para assim trabalhar a forma como poderá dizer-lhes que se forem clientes da marca serão aquilo que ambicionam ser.

Não é preciso ser estudioso dos mercados para perceber que este é o grande número das marcas no cenário do comércio. Alguma ilusão julgo que seja benéfica para o consumidor acreditar no produto, mas acho que hoje vivemos com demasiada pressão nesse sentido.
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Sobre o cotio da sinceridade

A sinceridade tem tanto de virtude como de defeito. No domínio das relações humanas nem sempre se ganha ao revelar tudo o que pensa ou sente, tal como nem sempre se perde menos ao guardar aquilo que por dentro tem vontade de sair.
Não é possível garantir o que é melhor, mas é possível prever em que situações a alternativa de ser sincero ou não deve ser accionada.
Em tudo o que envolva diplomacia, não no contexto político, mas aplicado ao nível das relações sociais habituais, a ocultação da sinceridade tende a ser um mecanismo de manutenção de uma paz tranquilizante, que afasta percalços pontuais que sempre se criam quando se discorda peremptoriamente ou se secundariza o que se sente em prol do que outrem gostasse que se sentisse.
É provável que a sinceridade possa ser interpretada nos moldes de um texto que escrevi em Fevreiro, chamado About radicalism, sobretudo porque acaba por se tratar de um radicalismo em si, um extremar de posição na comunicação.
Existem depois conjuntos de situações cuja aplicação da sinceridade prendem-se mais com barreiras como medo ou vergonha, do que propriamente com retaliação ou inferiorização.
Agradecer, mostrar apreço, elogiar, premiar, honrar, citar ou gabar, são tudo sinceridades que a serem espontânea só enobrecem a qualidade humana, sobretudo quando a comunicação que serve de veículo está no patamar da honestidade com que o revelamos.
Eu sou adepto da sinceridade, embora nem sempre seja exemplar executante, mas confesso que por vezes conduz a um enveredar por discussões e acesas trocas de argumentos. Já sobre o segundo tipo, certamente não serei exemplar praticante, mas tento guardar para quando realmente julgo aplicável essas manifestações de sinceridade pura, pois só assim se evita a hipocrisia. Não pretendo ser daquele tipo de gente que faz da sinceridade um hábito semelhante a consultar as horas no telemóvel constantemente, pois isso conduz à insinceridade pelo descomedimento das vezes em que se exteriorizam sinceridades vãs.
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Sobre o comentário nos meios de comunicação social

Revistas, semanários, diários, gazetas, folhas, telejornais, colunas, blogues, as erupções do comentário ombreiam com a própria informação, criando espaço nos meios de comunicação para uma etapa póstuma à da informação, que é a digestão, maturação, ampliação e clarificação das notícias e coberturas que vão surgindo.
Geralmente são chamados a comentar senhores e senhoras que reúnam proveitos experienciais vários oriundo de formações curriculares ímpares ou cargos de notoriedade. Esta é a principal razão pela qual se dá tanta atenção às pessoas que comentam. Em seguida vem o que dizem, mas só depois, para então nos dar-mos à absorção daquilo que tais pessoas dizem ou escrevem. Muito se aprende, diga-se, com a comunhão das considerações que gente instruída e experiente possa apresentar às comunidades, mas julgo começar a escassear espaço para tanta gente a comentar, sobretudo porque a certa altura são tantos os comentadores que os factos passam a ser escassos, e como tal satura-se a paciência para ler tanto do mesmo em comentadores tão diferentes, podendo até dar-se a efeméride de se assistir ao comentar dos comentários uns dos outros.
Mais do que retratar este panorama, o que me faz escrever sobre este assunto é que no meio de tanta acumulação de comentadores, extensível até a gente anónima nos tantos fóruns de discussão públicos, os frequentadores vorazes desses meios acabam por se tornar numa comunidade que é daltónica para a sua passividade e que acaba por ser altamente condenável por isso. Por muito boas que as ideias dos comentadores possam ser, nunca substituirão a actividade a que se referem, e como tal nunca perderão o seu cariz passivo de observação. Mais, por muito crispado ou indignado que possa ser o tom de quem comenta, só essa cegueira de satisfazer a vontade de comentar é que impede o comentador de ver que quem tem tanto interesse, tanto a dizer, a elogiar, a contestar, a problematizar deveria estar na linha da frente para contribuir para as situações abordadas com tudo aquilo que teria a dizer no comentário. O engarrafamento de comentadores pode ser um vício, parte dos problemas até.
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Sobre o retorno a assuntos já abordados

Quiçá por fantasia ou impressão despreocupada, a quem escreve pode eventualmente reinar uma sensação de que uma vez redigido certo facto, argumento ou opinião, naturalmente não se sentirá necessidade de reiterar o produto escrito, ou seja, que o tema fica à partida resolvido face ao sujeito que o enfrenta.
Suponho que possa ser da natureza emotiva da escrita que se volte aos temas, esquecendo o valor racional do que se produziu, estático do ponto de vista temporal. A verdade é que o emocional, por ser mais prendado no exigir do presente, acaba por sobrepor-se com frequência à solidez do valor lógico daquilo que fora dito, culminando numa nova exposição sobre o tema.
Note-se bem que falo do campo da escrita pessoal, não da leitura pessoal, pois aí o resgate de textos antigos nada tem que ver com o impulso de retornar a abordar um conteúdo já exposto.
Para quem escreve, ergue-se então um problema de memória: não ficar preso à repetição temática nem a uma mensagem desprovida de novidade e imprevisibilidade, isto a menos que se trate de uma consentida e intencional campanha.
O que o pensamento me devolveu, foi precisamente a noção de que posso ser acometido para a escrita com vista a aliviar um impulso pontual de escrever sobre um qualquer assunto, embora de cada vez que o faça sinta que o assunto ficou resolvido, desde que me contente com o produto do esforço de redacção.
Também no jornalismo, na política, na educação, no desporto, nas conversas do dia-a-dia ou no pensamento contínuo de cada um, este fenómeno é vulgar, perceptível na forma como se regressa às mesmas conversas, ideias, memórias, argumentos, assuntos, factos, opiniões, temas e perturbações, instigados por uma carga emotiva que ganha à frieza da teia lógica, que tudo faz para fingir definitiva uma incursão plena de redundância.
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About self motivation process

Personal motivation is definitely a key for success and improvement.
Why not start with that classic image of a donkey pulling a cart because of seeing a carrot that a man intentionally tries to catch donkeys attention by using a stick attached to the carrot. This image despite simple and of easy understanding, can be used as a metaphor to our own lives and motivation aspects.
Although in the case of the donkey the animal needs a human to let the work be done with the motivation of a fresh carrot, if we abstract from the connotation of donkey so that comparing is not a problem, I would say that each person can be the donkey and the human of that image on personal life.
To explore that I call some moments of life in which a motivating activity that will occur later acts in the precedent activities as a source of motivation, producing by that a motivation otherwise difficult to get. This is the case of being the donkey and the human, while the carrot is the later activity and the cart the such moment.
A person that has an encounter with friends, a play to watch, or any pleasured activity planned to have or do, will be a case of self motivation based in the principles of the donkey, the human, the cart and the carrot.
Because lives tend to be monotonous during the week as a result of job compromises, people lose quality of living by having no tricks like that to reach higher level of motivation during boring or predictable tasks.
In the same way people plan weekends, I suppose weeks should deserve a certain planning to. Films, plays, dinners, meeting, receiving visits, walks, games, phone calls to family and other things could improve the will of facing a whole week of stress and activity.
It is true the we all survive without interfering in motivation process, but will be a slave of donkey position and the stick with carrot will hardly be in own hands.
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About radicalism

Every time I watch religious radicals on television, my upset grows in the same way my incomprehension does.
If we keep those images in our minds it is very probable that rather than trying to understand we will be conducted to a situation of combating violently such evil.
I believe that radicalism is far from being just a religious or political problem. Each person has a disposition to be radical in a specific type of questions. We can find it in football, in justice, in food preferences or in musical preferences, for example.
I don’t feel prepared to discuss the fundaments of radicalism, but my guess is that radicalism origins in one out of two possibilities. Firstly it can be a consequence of having no possibility to known different perspectives, like trying to think as if in the head of the opposite side. Secondly it is possible to justify radicalism as a consequence of being lazy in terms of searching and become instructed about the things in a more neutral way, what can be easily done if the search for knowledge centres in the opposite perspective of the same question. This second possibility is independent of interest, in that it resides uniquely in the will of subjecting the perspective defended to some contradictory discussion.
It is important to refer once again that we tend to see radicalism as a distant thing, only present in people seen on television. In fact, that is a result of having little sense about our own radicalisms. They are born small but can become a monster and destroy even the question that was in the base of its purpose, inasmuch it becomes an uncontrolled walk into somewhere sometimes worse than the initial problem.
Finally I want to say something about radicalism according to its effect on personality. Despite its badness, radicalisms define easily a person as a proper individual and not as a vulgar one in many, than the constant neutral behaviour.
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About quotations and their use

My attention was caught in the realisation that some people abuse of bringing into their conversation the quotations of distinct known personalities.
After thinking about it, my thoughts hold in the idea that the habit of overusing quotations can be understood by some different perspectives.
It is possible to have a person that in the same way his friends use to repeat specific words or expressions, develop a tendency to bring to conversations parts of discourses from known people that he or she have read or listened to. In this case, that practice is not offensive, despite a considerable period of time being needed to realise it perfectly.
Other possibility is seeing the habit as a subtle and opportunist way that may be assumed by someone to create an impression of knowledge and erudition. If true this is the malefic use of quotations, since it can be seen rather than a respect for author rights, a use of their own words, sometimes work, not to praise them but for personal attributes.
Finally, a last understanding can be taken to consider cases in which the feeling of inferiority encourages the recurrence to quotations. To be clear, this practice might be use in a dinner where a guest feels his audience is richer in terms of culture, so that expressing own ideas can be dangerous to pride and imprudent. By abusing the references of famous people’s words, the technical problem of sharing own ideas can be hided and the conversations will not be a serious problem.
Personally, I do not use quotations often, despite seeing it as good tool for some moments that those specific words or expressions of quotations seem to match perfectly in the meaning and clarity wanted. As mentioned, only time of interaction with a person allow the perception of the kind of use given to quotations. However, a trivial idea can fill as conclusion: moderation is the key for a good use of it.
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Sobre a religião: o ateísmo


Sirvo-me deste texto final para dar protagonismo ao ateísmo, como decisão de quem não se sente confortável com o leque de paradoxos e contra censos que é capaz de detectar nas premissas da religião e que portanto se vê na obrigação de se emancipar voluntariamente.


Julgo que nem sempre se tornam claros os motivos factuais que levam alguém a ser ateu, tal como nem sempre claras são as respostas às indagações dos outros sobre os motivos de tal assunção, por se tratarem questões de fundo, incomportáveis com respostas breves de conversa rápida. 

A pessoa que adere ao ateísmo tem, em relação à que não o faz, uma vantagem, que é pela decisão tomada comprovar que já reflectiu sobre o assunto da religião. O grupo dos crentes, não inclui unicamente aqueles cujo resultado de semelhante reflexão conduziu à crença (ou não ateísmo), mas também o conjunto de pessoas que nunca se questionou ou preocupou em reflectir com isso, mas que se deixou levar no inquestionável roteiro cultural da religião, que se embarca logo à nascença e que vai fazendo parte do contexto diário, sem grande esforço para o conseguir.

Não é função deste texto vender o ateísmo aos outros, dado ser o produto de uma conjunção de factores demasiado específica para que se deva querer generalizar.O ateísmo surge neste texto na tentativa simbólica de espevitar a atenção dos que o lerem para a necessidade de terem opinião sobre os assuntos pertinentes, de que a religião está longe de se excluir. Os textos que precederam a este, sobre o mesmo assunto, estão impregnados de uma perspectiva ateísta e mesmo acusatória da forma como vejo a religião, sobretudo os seus pontos negros. Há muito que ambicionava gastar algum tempo a esclarecer-me e expor a todos, com a clareza que só a escrita permite. Cesso deste modo este tema, escolhendo o ateísmo no fim, simbolizando o comum traço de nascer religioso e poder derivar para a descrença.
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Sobre a religião: o culto a deus


O culto assumido a Deus constitui a mais direta forma de abraçar a religiosidade, sendo para mim um campo em que posso, como venho fazendo, explorar os motivos que presidem à minha admitida areligiosidade.

Os fiéis, ao longo da história, encontraram maneiras variadas de cultuar deus, bem como todas as demais personagens religiosas alvo de referência e louvor. Não contesto o sentimento de serviço e de beatitude com que o fizeram, nem o que pode fundamentar tal prática (medo, gratidão, etc), mas dou comigo, hoje, a perguntar-me, porque continuamos a prestar culto a deus. Julgo que esta ideia do culto está presa por arames ao conceito de um deus humano que tantos têm para consigo. Por muito esforço despendido, só um deus caracteristicamente humano pode perceber o valor da materialidade, o sentido de sacrificar uma vida, ou dar uma esmola. Hoje em dia, acho inclusivamente que se presta mais tributo a santos e beatos do que a deus, gente, em suma, que se subiu na hierarquia religiosa foi por força de outros homens, mais do que por ingerência divina.

Porque quereria deus um culto? De que forma sacrificar um animal pode agradar a deus, se estamos no fundo a destruir o que ele criou? Porque terá deus a necessidade de culto? Terá ambição de poder, como nós? Não poderá deus ser uma mera força, a derradeira Força ou Energia, para lá da consciência humana, alheia sentimentalmente ao que produziu ou tornou consequência? Como poderemos prestar culto ao que desconhecemos quando nem sequer podemos tornar claro a lógica (as vias, os mecanismos) desse culto? Porque não celebrar a vida, ao invés, louvando-a pelo maravilhoso bem que é?

No fundo, por que não ver na naturalidade das coisas a melhor forma de cultuar deus? Não será o livre arbítrio uma forma pródiga de beleza e oportunismo para prestar culto à liberdade de todos e do universo natural em que vivemos, como produto desse deus? De que forma questionar a existência de deus, não será, também, um culto válido, honrado e amoroso?
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