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Sobre o ser merecedor das atenções

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24800_w A forma mais apaixonada ou mais desapaixonada com que abordamos cada assunto, não só influi na forma como os outros nos vêem, como também condiciona o modo como interagem connosco.

Aquele que pretender ser merecedor das atenções, sobretudo daquelas ditas genuínas, espontâneas e ávidas de curiosidade, deve ajustar o seu modus operandi de maneira a justificar esse possível estado de graça.

Melhor do que falar e ter quem escute é falar e ter quem queira escutar. Muitas das pessoas com que me cruzo na rua fala apaixonadamente sobre os aspectos maus da sua vida, a saúde, o emprego, o dinheiro, em particular a falta de cada um deles, mas peca por não encontrar e dedicar idêntica paixão na abordagem dos pontos positivos de suas vidas.

Esta questão da paixão com que cozinhamos o discurso, adquire especial importância se a considerarmos sob o ponto de vista dos requisitos para se poder ser considerado uma pessoa interessante. No meu entender está claro que a devoção aos assuntos importa bastante para o sentimento de interesse que o orador venha a induzir.

As palavras ditas com emoção são uma sedução, conseguem vender ideias e impressões mediante a criação de um impacto no receptor, que transcende o valor intrínseco daquilo que se esteja a comunicar. Tal como na sedução convencional, também aqui a paixão recomenda-se para um devido aprofundar e realçar de virtudes. Aquele que fala sem carimbar o seu discurso com alegria, vontade, proactividade, poderá ser ele próprio carimbado como triste, passivo, murcho. Tal como referi anteriormente, é de árdua concretização a distinção entre o que se diz e quem o diz, pelo que um discurso sem paixão, uma exposição desapaixonada, levará a que a própria pessoa não desperte interesse, a menos que se conheça bem a pessoa e haja razões pontuais para que uma dada exposição seja francamente desinteressante e desinspirada.

1 comentário:

  1. O dom da palavra pode ser perigoso, se a mente que o possuí é preversa. A história dá-nos vários exemplos. É bonito de se ver alguém com o dom da palavra, desde que o seu lema seja «faz o que eu digo, porque o que eu digo faço».
    Todos nós estamos vulneráveis ao discurso dos que ouvimos, desde que a sua mensagem venha de encontro ao que pensamos ou necessitamos. Por essa razão os politicos são senhores. É que, ao acreditarmos no que ouvimos dizer, porque nos interessa o discurso, corremos o risco de sermos manipulados sem nos apercebermos, pois geralmente, a mente que tem o dom da palavra é uma mente bastante inteligente. Pelo meu lado, entrego-me a um belo discurso, quando conheço bem a pessoa, ou o meu instinto me diz que posso confiar nela. O que se conclui que sermos bom receptores é um risco.
    saudações amistosas Marcelo Melo.

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