Procurar:

Sobre o racismo implícito

Share it Please

Photo by Jens Johnsson

* * * 

Hoje em dia, qualquer português que queira parecer moderno e elegante, condena o racismo e não se faz de rogado para anunciar, sempre que o pode, publicamente, a sua perfeita harmonia com as mais diversas etnias ou ascendências do mundo.

O maior problema de toda a temática do racismo é que basta ser assunto para ele próprio existir, porque não se pode falar de racismo sem ter um povo alvo, alguém que detectemos como susceptível de sofrer atitudes racistas. Mesmo quando se recorre a exemplos, o referenciar uma pessoa como alvo de exemplo, dizendo dela ser respeitadora e não criar problemas a ninguém, tem como consequência uma dúvida inicial, imbuída em racismo, que era saber qual o comportamento daquele ser, indagação que não se levanta para todos, pois a dúvida não faria sentido.

Vive-se na negação do racismo explícito, na promoção de um sentimento de igualdade e insuspeição que visa apaziguar o discernimento ético de cada um, mas que é um analgésico da realidade.

Quando, depois, assisto a atos de interesse por um alemão surgido do nada, sendo que ao lado, está um africano que acompanha as mesmas pessoas há mais de um ano, sem que se tenha manifestado o mesmo entusiasmo por conhecê-lo, eu vejo, à minha frente, a total caricatura do que é a forma de lidar com o racismo: somos racionais nas palavras mas tropeçamos nos atos, com a mesma ingenuidade de sempre, ela própria uma caricatura da nossa pequenez intelectual.

E tropeçamos sempre, mais cedo ou mais tarde, pois haverá sempre um momento em que ao ter de viver, de reagir com naturalidade, mostramos o implícito, aquilo que nos governa independentemente da vontade.

Concluo dizendo apenas que em vez de se negar o racismo, deveríamos banaliza-lo, pois assim deixaria de ser tema de assunto e assim evitar-se-ia perder tempo a contradizer aquilo que os nossos actos não querem comprovar.

4 comentários:

  1. Concordo plenamente !

    ResponderEliminar
  2. Na minha opinião este post precisa de alguns pontos nos is. É verdade que o racismo existe apesar da negação, mas discordo totalmente do exemplo mencionado e das acusações feitas. Será que nos devemos sentir obrigados a conviver com uma pessoa do mesmo curso apenas porque a sua cor de pele é diferente? Não será o facto de querer conhecer melhor uma pessoa, numa tentativa de não ser racista, uma própria evidência de racismo? Há muitas outras pessoas no dito curso pelas quais eu não me interesso e com quem eu nunca falei, por isso parece-me bastante rídiculo falar com um africano só para não ser considerado racista. Afinal o meu comportamento perante tal pessoa é o mesmo que em relação a todos os outros, por não o considerar diferente. Já a vinda de um alemão pode causar alguma curiosidade uma vez que é alguém que não fala a nossa língua, que não conhecia ninguém na sala onde entrou e que, por consequência pode ser considerado diferente e despertar interesse. Adicionalmemte, tanto quanto sei, também tu mostras-te interesse por tal indíviduo, por isso antes de acusares as pessoas com quem partilhas o teu dia-a-dia, podes pensar um pouco mais a fundo nos teus próprios actos, e não levares a simples e normal curiosidade a pontos tão extremos.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. poderia ao menos ter citado o exemplo de um africano que fala outra lingua ... e passou a ser alg bem comum no brasil a vinda deles...

      Eliminar
  3. sou Africano e negro, mas confesso que me identifiquei mais com as palavras do anonimo (apesar de achar os anonimos uns chatos) do que do autor do post.
    'e muito melhor quando as pessoas numa sala de aulas falam contigo porque te acham um gaijo porreiro ao inves daqueles que so falam contigo para os restantes pensarem que tem a mente aberta.

    ResponderEliminar

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...