Existe algo que me desalenta um pouco, sempre que é tema de debate, e que agora partilho, dando visibilidade aos pontos mais prementes.
No processo da formação a nível de ensino superior, criou-se a moda das saídas profissionais, como barómetro de selecção de cursos. Ora, nessa linhagem, acontece-me por vezes de ser interpelado quanto ao meu curso, no sentido de informar sobre as ditas saídas. Respondo sempre com uma indefinição, dado que não reconheço um fim único para a formação que estou a receber. Torna-se um pouco impossível contornar a especulação e este tipo de perguntas, porém, elas mostram-me o enorme pendor pragmático e utilitarista com que se seleccionam os cursos superiores em Portugal, do qual Medicina e Arquitectura são exemplos vivos.
Sendo manifestamente suspeito, nesta discussão, agasta-me toda este mecanismo de utilitariedade na formação, porque retira o valor formativo aos cursos, as valências próprias, como se assistíssemos à superioridade do fim em relação à definição, ou mesmo à aniquilação do fim face a uma indefinição, como é o caso do meu curso.
A demanda de portadores de conhecimento aos mais variados níveis é a razão da existência dos cursos todos, a escolha do curso deve, pois, ser trazido para o campo da opção em liberdade, livre de fantasmas ou utilitarismos inúteis, pois não consta que as oportunidades, quando surgem, sejam previsíveis e voltadas para essas tendências do mercado de empregabilidade.
Parece-me que aquilo que se quer fazer valer, e aqui sou um pouco radicalista, é que mais vale escolher um curso cuja formação conduz a uma empregabilidade certa, o que também significa que é irrelevante a qualidade intrínseca a cada formando, pois todos arranjam emprego, do que andar a receber formação numa área específica, mais desfavorecida, onde não haja medo da concorrência por um lugar que seja.
Faz reavivar "O Admirável Mundo Novo", escrito por Aldous Huxley em 1931, onde os cidadãos era pre-seleccionados através da manipulação genética de forma a se cobrirem as necessidades...
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