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Sobre o visionamento de filmes

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Há pessoas que devoram colectâneas inteiras de filmes, dando lucro a uma indústria cada vez mais enriquecida e preponderante.
Sendo eu um cinéfilo medíocre, facto que não escondo pois não me envergonha, há algo que me descobri em conhecidos meus que fazem da sétima arte o passatempo quase predilecto. É de alguma forma estranho ver que muitos espectadores visionam imensos filmes sem intervalar o fim de um e o principiar de outro, criando assim uma película quase contínua. Mais grave do que isso, porém, é a ausência de posicionamento perante cada obra, ou seja, é o captar o sentido directo e fechar a mão aos temas abordados nos interstícios de cada enredo. Torna-se frustrante notar que a maior desses cinéfilos mais evoluídos socorre-se da sua experiência para citar realizadores, actores e actrizes, principalmente, sem que presenteiem os outros com as suas experiências pessoais no campo das temáticas, das políticas, filosofias, psicologias ou éticas associadas às obras.
Não é que seja obrigatório falar destes assuntos ou intervalar um tempo fixo entre cada sessão, apenas me é estranho não permitir à obra penetrar na consciência, pondo a nu argumentos nem sempre perceptíveis e mexendo com alguns pilares do cerne de cada personalidade.
Quem agradece toda esta balbúrdia do consumo são os estúdios, que descobrem fórmulas mágicas de cativar, gravando sem parar aquilo a que se pode chamar um género de petróleo televisivo.
Gostaria de no futuro estar mais atento à indústria cinematográfica e ver mais do que os filmes tidos como indispensáveis, mas ainda assim, muito provavelmente manterei a minha vontade de intercalar cada nova obra com o devido tempo para a digerir. Ver por ver, só para recordar caras e explosões julgo que é perder tempo e fazer parte de um filme do qual não pretendo ser coadjuvante de qualquer natureza.

2 comentários:

  1. 'Colisão', 'Million dolar baby', 'Magnólia, 'Babel' sao alguns escassos exemplos de filmes que não acabam com o fim da exibiçao do filme,mas sim prolongam-se na nossa mente e reflexão durante muito tempo.Quer para 'digerir'as emoçoes dos factos, quer para entender a sua persctiva sobre a vida, quer tambem para tirar uma 'licçao de moral'.. Porém, filmes com varias sequelas como 'Matrix', 'Senhor dos Aneis', 'Ocean's eleven', 'Piratas das Caraibas', são filmes criativos, pouco reais que apelam muito aos nossos sentidos, que nos transportam para um mundo de fantasia.. A realidade que nos fazem viver durante o tempo do filme é de puro intertenimento, lúdico.. daí serem 'incessantemente' consumidos.. Pq intercalar para introspecçao? Qd só keremos nos divertir numa 'dimensao' tao distante da nossa realidade, qd só o sentir importa mais do q o racionalizar sobre o tema..

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  2. Os filmes, na sua génese, serviam apenas para entreter as pessoas e oferecer um meio de descontracção. Penso que hoje em dia isso ainda se aplica. Quando existe esse "ver por ver", uma pessoa apenas procura uma pequena distracção para animar o seu quotidiano. Mas é claro que muitos filmes, têm inerentes a si uma abordagem filosófica (como por exemplo grande parte dos filmes de Ingmar Bergman) que vale a pena ser explorada. Acho também importante uma pessoa tentar assimilar a "mensagem" do filme, mas isto nao está apenas dependente do espectador, o realizador também tem um papel importante nisso, pois nao é so a mensagem que é importante, mas sim a maneira como ela é transmitida que determina o seu impacto. Já Sir Francis Bacon dizia: "Alguns livros são para serem provados, outros engolidos, e so alguns devem ser mastigados e engolidos", eu acho que o mesmo se aplica aos filmes. Por issu eu nao critico ninguem pela maneira como ve os filmes, pois o "sistema digestivo" é diferente para toda a gente e creio que cada um consome filmes de diferentes maneiras, e nessa possibilidade de consumir de maneira diferentemente é onde se encontra a maravilha dos filmes (sendo isto também aplicados aos livros e à música)

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