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Sobre a recorrência à comparação

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O ser humano, talvez porque se transformou num ser corrupto ou porque sempre o foi e simplesmente tornou mais profícua tal capacidade, cerceia-se em sociedade da necessidade de comparações para assegurar que cumpre os deveres assumidos.
O conceito de mercado, aplicado a humanos, parece incutir a necessidade de indicadores, avaliações parametrizadas às vertentes diversas de cada um.
A serventia concreta das avaliações é dar notoriedade a alguns mais dotados nos parâmetros passíveis de analise analítica, sempre subjectivos dado que feito por humanos para humanos. Todos os que se desfasam dos tópicos avaliados vivem nos subúrbios do ideal, ficando à partida limitados de oportunidade.
Poder-me-ão dizer que tudo isso, essa dinâmica de gestão, é natural e inevitável, podendo eu concordar até certo ponto. No mais direi apenas que é falta de respeito pela liberdade de perspectivas criar mecanismos formais que estigmatizem todos os que não são os melhores em dadas funções, mecanismos esses que em nada acrescentam valor aos próprios mecanismos naturais, muito à imagem da teoria de Darwin sobre sobrevivência dos mais bem adaptados.
Não me espanta a rivalidade cerrada e permanente da actualidade em que situações escolares, profissionais, económicas ou de aceitação social sejam focadas continuamente e analisadas até à exaustão gerando neuroses nem sempre óbvias.
Não se pode falar em liberdade enquanto as actividade de estudo, emprego ou vida íntima estejam umbilicalmente ligadas à necessidade de situar os desempenhos pessoais e de conviver com a noção do valor atribuído a cada um pelos indicadores que a sociedade tão pacificamente vai criando para permitir o tratamento das pessoas na base do que é feito no comércio mobiliário.
Muito do buraco negro moral a que chegamos, parte e termina na competição constante que nos mina a vontade de ter ideias diferentes e opções originais.

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