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Sobre a religião: a impregnação da cultura

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Vivendo hoje num mundo particularmente avesso a fixações culturais, fértil antes no confluir de perspectivas, práticas e tradições de que a globalização tratou de disseminar por todo o lado, questiono veemente o aprisionamento cultural ainda vivido em Portugal, onde a cultura está tão impregnada de religião, que é impossível não tropeçar nela.
Causa-me particular afrontamento a forma como é árdua a fuga a resquícios da religião. Gente que vive à margem da religião, efectivamente, parece ter de recorrer a ela para concretizar certas formalidades da vida, como o casamento ou sepultamento. De facto, embora existam formas alternativas de se fazerem as coisas, é absolutamente raro o caso de autonomia, sendo essa aparente dependência um obstáculo sintomático da forma como Portugal ainda é um estado aprisionado a uma Igreja. Esta situação é aliás previsível, se tivermos em conta que este país, comparado a outros, ainda é um paraíso monocultural, alheio às outras gentes do mundo, e como tal perspectivas diferentes.
Muitos poderão dizer que realmente só segue as práticas quem quer, mas a verdade é que noto vivermos num meio muito tradicionalista, muito adepto do arcaico, que se vê amarrado e servo de uma concepção única da vida, e da forma de estar do mundo.
Não há condições aliciantes à diversidade, há antes, uma cultura que marginaliza práticas alternativas. Ora religião e cultura não sendo sinónimos à partida, tocam-se exageradamente no contexto português, caindo numa esquizofrenia preocupante, quanto mais não seja pelo formato que páscoa e natal adquiriram em termos de sentido meramente económico e lúdico, conservando, contudo, as designações religiosas, ou pela maneira como os cidadãos menos ariscos a se assumirem, vão vivendo as vidas pincelando o seu percurso com momentos de fraca ou nenhuma prática religiosa e outros de conveniente recorrência à mesma.

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