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Sobre o cotio da sinceridade

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A sinceridade tem tanto de virtude como de defeito. No domínio das relações humanas nem sempre se ganha ao revelar tudo o que pensa ou sente, tal como nem sempre se perde menos ao guardar aquilo que por dentro tem vontade de sair.
Não é possível garantir o que é melhor, mas é possível prever em que situações a alternativa de ser sincero ou não deve ser accionada.
Em tudo o que envolva diplomacia, não no contexto político, mas aplicado ao nível das relações sociais habituais, a ocultação da sinceridade tende a ser um mecanismo de manutenção de uma paz tranquilizante, que afasta percalços pontuais que sempre se criam quando se discorda peremptoriamente ou se secundariza o que se sente em prol do que outrem gostasse que se sentisse.
É provável que a sinceridade possa ser interpretada nos moldes de um texto que escrevi em Fevreiro, chamado About radicalism, sobretudo porque acaba por se tratar de um radicalismo em si, um extremar de posição na comunicação.
Existem depois conjuntos de situações cuja aplicação da sinceridade prendem-se mais com barreiras como medo ou vergonha, do que propriamente com retaliação ou inferiorização.
Agradecer, mostrar apreço, elogiar, premiar, honrar, citar ou gabar, são tudo sinceridades que a serem espontânea só enobrecem a qualidade humana, sobretudo quando a comunicação que serve de veículo está no patamar da honestidade com que o revelamos.
Eu sou adepto da sinceridade, embora nem sempre seja exemplar executante, mas confesso que por vezes conduz a um enveredar por discussões e acesas trocas de argumentos. Já sobre o segundo tipo, certamente não serei exemplar praticante, mas tento guardar para quando realmente julgo aplicável essas manifestações de sinceridade pura, pois só assim se evita a hipocrisia. Não pretendo ser daquele tipo de gente que faz da sinceridade um hábito semelhante a consultar as horas no telemóvel constantemente, pois isso conduz à insinceridade pelo descomedimento das vezes em que se exteriorizam sinceridades vãs.

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