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Sobre o adiamento da felicidade

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Num mundo cada vez mais fértil em oportunidades e opções, progressivamente se revela maior a problemática da procura e encontro do estado de felicidade.
A chegada de um novo dia, como sequência do dia anterior tem quase sempre como significado continuar algo previamente principiado e raramente é visto como um dia único, singular e irrepetível.
Acontece pois o aparecimento de uma sensação de adiamento da felicidade, quase como uma utopia de fé, criada para iludir a aspereza do presente, como um elixir que impele a vontade à chegada do futuro.
Vê-se então o ser humano a formular ideais, em que ingenuamente se convence que depois disto que está a fazer, ou daquilo que só a partir de xis cessará, é que a felicidade genuína lhe baterá à porta.
E como erra o ser humano ao ludibriar-se recorrendo a esta malha de lógica viciada.
Este mecanismo de estancar o terror do presente, com vista num marco futuro incerto, está para o ser humano, como a imagem de animal que puxa uma carroça iludido por uma cenoura que, suspensa à altura dos seus olhos, o faz querer alcança-la a todo custo, mesmo que tendo de puxar uma carroça.
A felicidade, ao contrário do que possamos sentir, depende mais da nossa exigência e atributos intelectuais do que do cruzamento de factos do mundo.
Ninguém deve viver no adiamento da felicidade, porque ela, tal como o tempo, a juventude, a saúde ou a vida, não são fenómenos estáticos ou consolidados, são estados dinâmicos, ausentes de concretização finita.
Termino com uma consideração final: perante o imbróglio de variáveis a que o mundo moderno se debate, a missão do homem no campo da felicidade, é saber extrair do seu presente, sempre pela via do pensamento, a felicidade que alimente a sua alma, ao invés de a adulterar com o vício de um futuro onírico, de chegada inexistente.

1 comentário:

  1. Concordo em absoluto com o último parágrafo.
    Parece-me essencial usar de toda a imaginação para que o presente nos sorria o suficiente.
    Ao fim e ao cabo ele, o presente, é a maior certeza que temos...

    Cátia F.

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