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Sobre a fragilidade do conhecimento

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Qualquer abordagem visando a temática do conhecimento traz consigo a árdua tarefa de definir o conhecimento, de o qualificar enquanto fenómeno ou processo cognitivo. Conhecer, reconhecer, lembrar, saber, distinguir, definir ou explicar são todos termos que se tocam e que comungam de muito entre si. Haveria lugar a incontáveis correcções caso me propusesse lançar a minha versão sobre todos eles. Aquilo que sugiro, no entanto, é mais simples. Atentemo-nos na enorme massa de conhecimento que sustenta as nossa civilizações, e pensemos bem nos riscos que corremos cada vez mais ao adoptar o modelo virtual de armazenamento. Por várias vezes já me descobri na pensar na hipotética eventualidade de um desastre incomensurável e nas implicações que o mesmo teria na organização e sustentação das sociedades no campo do conhecimento. As novas tecnologias promulgam o conhecimento, dão-lhe acessibilidade contribuindo para uma menor necessidade de interiorização. No cenário que tracei, imagine-se a total abdicação da electricidade, por colapso. Como iríamos gerir a repentina perda de conhecimento que isso implicaria? Que dimensão teria o retrocesso civilizacional directamente associado à dissolução das fontes do saber dependentes da energia? Penso nisto não com o intuito lúdico de iludir-me do actual presente, mas com vista à reflexão sobre a forma como se processa o conhecimento e como se devem salvaguardar alguns aspectos que o impermeabilizem de percalços improváveis mas ainda assim possíveis. O conhecimento flui pelas teias de relacionamentos profissionais, amorosos, familiares ou amizades, mas em momento algum, sobre ele incide a posse alheia. Temos em nossas mãos o poder de gerar mais conhecimento em menor tempo útil, mas as mesmas ferramentas que são usadas para a obtenção dessas metas, podem apadrinhar, um dia num cenário desfavorável, uma inversão dessa tendência.

2 comentários:

  1. Não sei bem se vou de encontro ao esforço de pensamento patente, mas penso que o que move o Homem é a necessidade e a capacidade de adaptação face às circunstâncias.
    Quanto ao conhecimento, que depende em grande parte disso mesmo, é muito contingente e relativo não sendo líquido onde se avança e onde se regride. Ao que sabemos houve civilizações anteriores à nossa que dominavem algumas tecnologias que não tiveram grande continuidade. Também não consta que a civilização Helénica possuisse electricidade e no entanto temos provas que dominavam a lógica e já pensavam no átomo.
    As tecnologias de hoje mais parecem servir interesses vários do que o conhecimento propriamente dito...

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  2. É um facto que a humanidade tende hoje em dia a depositar a o conhecimento nas tecnologias dependentes da energia, já que qualquer conhecimento que possuamos está explicita ou implicitamente ligado aos computadores ou telemóveis. Apesar dos livros e documentos com a informação essencial, usa-se talvez em demasia o poder da tecnologia para armazenar dados, informações importantes.
    E apesar das civilizações antigas não terem electricidade, também não tinham adquirido o conhecimento que nós já temos hoje em dia, nem necessitando essas civilizações de aceder à informação da maneira rápida e prática como se faz agora.
    Será uma perda muito grande de conhecimento se houver um colapso na informação provocando a perda de dados informáticos.

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