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Sobre os actuais locais de instrospecção

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Atendendo à irrefutável carência de tempo que já se pode considerar uma característica da era em que vivemos, a introspecção tem vindo a perder o seu carácter de rotina estabelecida na vida das pessoas, para se espremer e encaixar algures num momento em que seja menos desconfortável e inoportuna.
Os locais de culto estão tornar-se inadequados porque as pessoas não têm tempo para ir a um desses sítios pensar na vida e no mundo que as rodeia.
Ao invés, nota-se cada vez mais que os grandes locais de culto das pessoas surgem pura e simplesmente aonde tenham de parar ou quedar-se por algum tempo. O trânsito é o principal responsável pela introspecção diária que se vai fazendo. Julgo que as pessoas, aprisionadas em filas perturbantes de veículos sem ter para onde ir, acabam por se ver reféns daquele embaraço logístico e como tal são obrigadas a fazer uma coisa que começa a ser contranatura: parar. Uma vez paradas, podem então fazer as suas introspecções. Os meios de transporte são, portanto, o principal local de culto dos tempos de hoje. Em verdade, uma larga fatia dos textos deste blogue corresponde a ideias que foram desencadeadas por introspecções nos transportes públicos.
As viagens são o grande aliado das pessoas para que consigam ter alguma apetência para se pensarem e se reflectirem cabalmente.
É que a chegada a casa é sinónimo de um rol de estímulos e tarefas a executar que levam ao adiamento por tempo indeterminado da introspecção caseira, e o que dizer da introspecção em locais de culto.
Permanece no entanto uma dúvida, que é a de se esclarecer se as pessoas estão tão introspectivas como dantes, quando tinham na sua rotina a ida aos locais de culto.
Talvez agora se assista a uma introspecção mais auto-didacta e menos orientada para determinados caminhos, o que é um voto de confiança na autonomia individual, mas que consiste num enorme desafio de coerência, imparcialidade e persistência. 

1 comentário:

  1. introspecção? Muito pouca ou nenhuma. A introspecção, a reflexão, é um acto comum aos que buscam a verdade sobre si próprios, ou sobre o mundo que os rodeia.
    E essa atitude é inerente apenas aos que sentem necessidade de um pouco de espiritualidade nas suas vidas. Na sociedade consumista em que vivemos, não há tempo para introspecções. É perda de tempo fazê-lo. O máximo que se reflicta, talvez seja sobre a evolução da bolsa, ou o quanto seria bom conseguir ter este ou aquele carro. Peço perdão aos que assim não agem, e que sei que ainda existem. Mas, infelizmente, eles não são a regra.

    Cordiais cumprimentos.

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