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Caminhadas pela vizinhança (2025.5): diferenças entre não cientistas e cientistas, e a causa maior pela qual todos devemos lutar todos os dias

Citizen I - Abel Alejandre (2023)


  • "As Duas Culturas", por C.P. Snow, Editorial Presença, 1996
"Os não cientistas têm a impressão entranhada de que os cientistas são de um optimismo oco, inconscientes da condição humana. Por outro lado, os cientistas acreditam que os intelectuais literários são totalmente falhos de perspectiva, com um desinteresse peculiar pelo que se refere aos seres humanos seus irmãos, e, numa aceção profunda, anti-intelectuais, com a sua ânsia de restringirem tanto a arte como o pensamento ao momento do existencial. (...) A maior parte dos cientistas que conheci sentiam - tão profundamente como os não cientistas que conheci igualmente bem - como é trágica, em termos individuais, a condição de cada um de nós. Cada um de nós está só: por vezes escapamos à solidão, por meio do amor ou do afecto, ou talvez de momentos de criação, mas estes triunfos são manchas de luz que fazemos para nós próprios enquanto o caminho continua a ser trevas; cada um de nós é só que morre. (...) Mas quase todos os cientistas - e é aqui que a cor da esperança deveras se manifesta - não vêem por que razão, justamente, por ser trágica a condição do indivíduo, o deva igualmente ser a condição social. Cada um de nós é um solitário; cada um de nós é só que morre. Muito bem, trata-se de um destino contra o qual não podemos lutar - mas há imensa coisa na nossa condição de que não é destino, imensa coisa contra a qual não podemos deixar de lutar a menos que nos tornarmos menos que humanos."

  • Nuno Cardoso, no podcast A Beleza das Pequenas Coisas, 2025
"O que eu acho, que a gente tem de lutar - e se calhar estou a ser demasiado grandiloquente e demasiado convencido ao dizer isto - , o que gente tem de lutar todos os dias e a causa maior para mim, é a causa da cidadania, que implica todas as outras, que implica esforçar-nos para estarmos conscientes de que somos todos iguais, mesmo que a gente depois ache que eles [os outros] são diferentes, temos de chegar a casa, fazer um exame de consciência, e no dia a seguir sermos diferentes. 
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Sobre as duas formas de sistemas caóticos (Yuval Harari), e o porquê de haver tantos analistas e estudos (políticos, económicos, sociais) a falhar recorrentemente nos seus vaticínios

Genesis first version - Lorser Feitelson (1934)

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"Existem duas formas de sistemas caóticos. O caos de nível um é o que não reage às previsões acerca de si mesmo. O clima, por exemplo, é um sistema caótico de nível um. Apesar de ser influenciado por uma miríade de fatores, podemos programar modelos informáticos que tomam em consideração esses fatores e produzem previsões cada vez melhores.

O caos de nível de dois é o que reage às previsões acerca de si próprio e, por isso, nunca pode ser previsto com exatidão. Os mercados, por exemplo, são um sistema caótico de nível dois. O que acontecerá se desenvolvermos um programa informático que faça previsões com cem por cento de exatidão sobre o preço amanhã do petróleo? O preço do petróleo reagirá imediatamente à previsão, que, como tal, acabará por não se concretizar."

Sapiens: Uma Breve História da Humanidade  - Yuval Harari (livro)

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Sobre a obsessão em descobrir diferenças, e a ciência como a arte da diferenciação (Hermann Hesse)


Blue Tondo - Ilya Bolotowsky (1978)

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"Estás sempre a falar das diferenças. Aos poucos percebi que essa é a tua característica mais típica. Quando falas da grande diferença que, por exemplo, existe entre ti e mim, então quer-me bem parecer que a diferença não consiste em nada mais do que, precisamente, essa tua estranha obsessão em descobrir diferenças!

Narciso:
- Certo, acertaste no ponto crucial. De facto, para ti, as diferenças não são muito importantes, enquanto, para mim, parecem ser a única coisa importante. De acordo com o meu carácter, sou um estudioso, o meu destino é a ciência. E, citando as tuas palavras, a ciência não é mais do que essa «obsessão em descobrir diferenças». Seria impossível encontrar uma definição melhor. Para nós, homens da ciência, nada é mais importante do que constatar diferenças, a ciência é a arte da diferenciação.
"

Narciso e Goldmund - Hermann Hesse

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Sobre os muitos modos de juntar um homem e uma mulher, e o exemplo de dois desses modos (José Saramago)


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"Há muitos modos de juntar um homem e uma mulher, mas, não sendo isto inventário nem vademeco de casamentar, fiquem registados apenas dois deles, e o primeiro é estarem ele e ela perto um do outro, nem te sei nem te conheço, num auto-de-fé, da banda de fora, claro está, a ver passar os penitentes, e de repente volta-se a mulher para o homem e pergunta, Que nome é o seu, não foi inspiração divina, não perguntou por sua vontade própria, foi ordem mental que lhe veio da própria mãe, a que ia na procissão, a que tinha visões e revelações, e se, como diz o Santo Ofício, as fingia, não fingiu estas, não, que bem viu e se lhe revelou ser este soldado maneta o homem que haveria de ser de sua filha, e desta maneira os juntou. 

Outro modo é estarem ele e ela longe um do outro, nem te sei nem te conheço, cada qual em sua corte, ele Lisboa, ela Viena, ele dezanove anos, ela vinte e cinco, e casaram-nos por procuração uns tantos embaixadores, viram-se primeiro os noivos em retratos favorecidos, ele boa figura e pelescurita, ela roliça e brancaustríaca, e tanto lhes fazia gostarem-se como não, nasceram para casar assim e não doutra maneira, mas ele vai desforrar-se bem, não ela, coitada, que é honesta mulher, incapaz de levantar os olhos para outro homem, o que acontece nos sonhos não conta."

Memorial do Convento - José Saramago
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Sobre a relativização do tempo e espaço nos noticiários internacionais (Luc de Brabandere), e a importância desigual destes com o contexto


untitled - Jun Kaneko (2017)

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« CNN makes a mockery of time zones like a fly makes mockery of an air pocket. CNN clocks only have one hand – the minute hand. The right is news time, and that’s all that matters. The newsreaders don’t say “good morning” because there’s no morning, and they don’t say “good evening”  because there’s no evening. They’ll say “it’s night-time in America, midday in the Middle East, and morning in Europe”, or something like that. They say “welcome” 24 hours a day and they don’t say “good-bye” but “see you soon”. On CNN, time doesn’t exist any more than space does. Where are all these mornings and evening speakers, anyway? In the United States, in “duplex” on mission, or on a time delay? CNN is perpetual-motion media. The clock has only one hand. »



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Sobre o retardar do amadurecimento através do culto ao conforto (Agustina Bessa-Luís), ornado com 'Photosynthesis' (Willy Verginer)




Photosynthesis - Willy Verginer (2017)

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"O contacto premente com os radicais problemas da vida moldara-a desde a infância, amadurecera-a depressa, tornara-a incapaz de folgar com aquelas cândidas raparigas a quem o conforto retardava, prolongando-lhe os tempos infantis."

A Sibila - Agustina Bessa-Luís
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Sobre o custo da informação (George Stigler), e como entender a desinformação numa era de aparente rápido e fácil acesso às coisas


Cow going abstract - Roy Lichtenstein (1982)

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"George Stigler, também vencedor de um Prémio Nobel de Economia e fundador da influente Chicago School of Economics, apontou que a informação tem seu preço: o "custo" de buscá-la, seja ele contabilizado na forma de tempo, esforço ou esforço cognitivo. Como Stigler observa, "a assimilação da informação não é uma tarefa fácil e agradável para a maioria das pessoas". De sua perspetiva, os dados mais desejados são "baratos", de forma amigável."





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Sobre o equilíbrio da natureza e a projeção de catástrofes sobre todas as coisas, ao som de "Lullaby to a bird" (Yoav Illan)


Sky and water I (bool 306) - Maurits Cornelis Escher (1938)


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"Tranquilizadora visão, a passagem dos  pássaros migradores, associada na nossa memória ancestral ao harmonioso suceder das estações; e no entanto o senhor Palomar experiencia como que um sentimento de apreensão. Será porque este céu apinhado nos lembra que o equilíbrio da natureza está perdido? Ou será porque o nosso sentimento de insegurança projecta ameaças de catástrofes sobre todas as coisas?"

Palomar - Italo Calvino

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Sobre a desarmonia das girafas e os impulsos não coordenados da mente humana (Italo Calvino), ao som de "Carnival of the animals' (C. Saint-Saëns)


Giraffe Neck - Adonna Khare (2015)

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"A girafa parece ser um mecanismo construído através da união de grandes pedaços provenientes de máquinas heterogéneas mas que apesar disso funciona perfeitamente. O senhor Palomar continuando a observar as girafas na sua corrida, apercebe-se de que existe uma complicada harmonia que comanda aquela pateada desarmónica, que há uma proporção interna que liga entre si as mais vistosas desproporções anatómicas, que uma graça natural acaba por sobressair daqueles movimentos desajeitados

(...) Nesta altura a filha do senhor Palomar, que já há bastante se cansou de observar girafas, arrasta-o em direção à gruta dos pinguins. O senhor Palomar, a quem os pinguins provocam angústia, segue-se de má vontade, perguntando-se a si mesmo o porquê do seu interesse pelas girafas.

Talvez porque o mundo que existe à sua volta se move de uma forma desarmónia e ele continua a esperar descobrir nele um desígnio, uma constante. Talvez porque ele próprio sente que avança levado por impulsos não coordenados da mente, que parecem não ter nada que ver uns com os outros e que são cada vez mais difíceis de fazer enquadrar num qualquer modelo de harmonia interior."

Palomar - Italo Calvino

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Sobre a consciência, o isolamento, a integração, e a autosuficiência das pessoas, ao som de 'Inquietações' (J.P. Simões)

Light From Within - Marty Saccone

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"- A consciência? Mas a consciência para nada serve, meu caro senhor! Como guia, a consciência não pode servir, não pode bastar. Bastaria, talvez, se pudéssemos conceber-nos isoladamente e se ela não fosse, por sua natureza, aberta aos outros. Na consciência, na minha opinião, em suma, existe uma relação essencial... certamente essencial, entre mim, que penso, e os outros que pensam; portanto, não é um absoluto que se baste a si próprio. Explico-me bem?

Quando os sentimentos, as inclinações, e os gostos destes em que eu penso ou em que o senhor pensa não se reflectem em mim ou em si, não podemos encontrar-nos nem satisfeitos, nem tranquilos, nem alegres, e isto é tanto assim que todos nós lutamos para que os nossos sentimentos, ideias e inclinações se reflictam na consciência dos outros.  

Para que lhe serve a sua consciência? Basta-lhe para viver sozinho? para se esterilizar na sombra? Ora vamos! Odeio a retórica, essa fanfarrona mentirosa que imaginou esta pretensiosa frase: «tenho a minha consciência e isso me basta!»."

O falecido Mattia Pascal - Luigi Pirandello

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Sobre as perguntas verdadeiramente importantes, as crianças, e as fronteiras da nossa existência


Before flight - Obert Bubel (2014)

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"Desde a infância que as mesmas perguntas bailam na cabeça de Tereza. Porque as perguntas verdadeiramente importantes são as que uma criança pode formular - e apenas essas. Só as perguntas mais ingénuas são realmente perguntas importantes. São as interrogações para as quais não há resposta. Uma pergunta para a qual não há resposta é um obstáculo para lá do qual não se pode passar. Ou, por outras palavras: são precisamente as perguntas para as quais não há resposta que marcam os limites das possibilidades humanas e traçam as fronteiras da nossa existência."

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Sobre o teorema de Pitágoras por detrás do xadrez da empregabilidade jovem, segundo Malcolm Gladwell

The King, his Lover and their Bastard - Mathieu Mercier (2017)

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Para obter emprego [estudantes] devem possuir ligações familiares suficientes, aptidões suficientes ou personalidade suficiente, ou uma combinação de todas elas. Algo a que se chama aceitabilidade é composto pela soma das suas partes. Se um homem possuir alguma destas coisas, pode conseguir emprego. Se tiver duas delas, pode optar entre vários empregos; se tiver as três, pode ir para qualquer lado.»"

Outliers - Malcolm Gladwell

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Sobre a vida pós-paixão, e os gestos e hábitos que celebram um amor amadurecido e consequente, segundo F. Scott Fitzgerald



Out of my skin (2) - Mircea Suciu (2016)

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"The idyl passed, bearing with it its exortion of youth. Came a day when Gloria found that other men no longer bored her; came a day when Anthony discovered that he could sit again late into the evening, talking with Dick of those tremendous abstractions that had once occupied his world. But, knowing they had the best of love, they clung to what remained. Love lingered - by way of long conversations at night into those stark hours when the mind thinks and sharpens and the borrowings from dreams becomes the stuff of all life, by way of deep and intimate kindnesses they developed towards each other, by way of their laughing at the same absurdities and thinking the same things noble and the same things sad."


The Beautiful and Damned - F. Scott Fitzgerald
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Sobre a criatividade enquanto conspiração, e os quatro tipos de espanto que se pode ter na vida


Germination - Power Boothe (2016)

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"Creativity was one day defined as a revolution in the way we look at things. But this conspiracy should not be limited to future Nobel Prize winners; the insurrection has to appeal to everyone, because every individual's sense can contribute to the imagination of us all. You have to be the scientist of your own life and be astonished four times: at what is, at what has always been, at what has disappeared, and at what could be."

The Forgotten Half of Change: Achieving Greater Creativity through Changes in Perception - Luc de Brabandere

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Sobre uma mensagem de ano novo focada na aprendizagem do ano anterior, por F. Scott Fitzgerald


Patterns Pathologies and Paradigms - Rashaad Newsome (2014)


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"Whatever worth while comes to you, won't be through the channels you were searching last year."

This Side of Paradise - F. Scott Fitzgerald

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Sobre Veneza, Silicon Valley, e a lógica da destruição criativa, de acordo com Alan Greenspan

Hotel Bauer - Dionísio Gonzalez (2011)

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"Percebera que Veneza é a antítese da destruição criadora. Existe para conservar e mostrar o passado, não para criar o futuro. Mas essa, compreendi, é exactamente a questão. As cidades satisfazem uma profunda necessidade de humana de estabilidade e permanência, bem como de beleza e romance. A popularidade de Veneza representa um dos pólos da natureza humana: a luta entre o desejo de aumentar o bem-estar material e a vontade de evitar a mudança e o stress que o acompanha.

O padrão material de vida da América continua a melhorar, mas o dinamismo dessa mesma economia todas as semanas coloca centenas de milhares de pessoas na situação de desempregados involuntários. Não é de surpreender que as exigências de medidas proteccionistas contra as forças concorrentes no mercado estejam a aumentar, o mesmo que acontece com a nostalgia por uma vida mais lenta e mais simples.

Nada é mais cansativo para as pessoas do que a perpétua tempestade de destruição criadora. Silicon Valley é, sem sombra de dúvida, um lugar excitante para trabalhar, mas atrever-me-ia a dizer que pouca gente se lembraria dele para passar a lua-de-mel."

A era da turbulência - Alan Greenspan
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Sobre a dispensa do espectador na arte contemporânea (segundo José Carlos Pereira) e o paralelismo possível com a ciência académica


Ego - Mark Wallinger (2016)

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"Parece haver uma contradição de base no facto de alguns autores pós-modernos reinvindicarem a irredutibilidade da arte, dos seus processos e da sua experiência e, simultaneamente, encará-lo como mero e exclusivo processo controlado socialmente pelos agentes que detêm a informação que estrutura o sistema. Esta posição esquece um dos pólos fundamentais da relação estética, isto é, o próprio espectador, a quem a obra necessariamente se dirige, muito para além de qualquer dimensão comunicativa restritiva."
O Valor da Arte - José Carlos Pereira

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Aparentemente, a arte contemporânea segue um caminho em tudo idêntico ao da ciência académica: os seus profissionais trabalham para o reconhecimento de pares, sob o tabuleiro dos agentes editorais que detêm também as métricas e tábuas do desempenho. Para o público esclarecido ou em processo de agregação, registam-se umas incursões de foro económico que visam irrigar o sistema global com verbas que o tornem materializável e convertível na linguagem em que qualquer ser ocidental está hoje bem alfabetizado: o léxico das mais variadas modalidade de dinheiro, valor e riqueza. Isto fomenta estes sistemas com os traços de um qualquer esquema piramidal, que se serve e alimenta dos novos autores e clientes que sempre vão chegando com uma virgindade carreirista na ânsia de se afirmar nos mesteres em questão.

Fora isto, as massas que configuram "o espectador" que José Carlos Pereira alude, surgem num plano marginal, atraídas pelo mexerico da notícia fútil que dá conta do dinheiro que se transaciona nestas manigâncias... mais do que por um genuíno e convicto interesse em se nutrir, questionar, evoluir com a singularidade das obras que se vão produzindo e sucedendo, as quais se julga serem produzidas com objetivo de comunicar algo merecedor da atenção de todos.
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Sobre o homem que se é, o projecto de homem que se poderia ter sido, e qual destes o mais relevante


Head, also titled Cubist Head - Joseph Csaky (1920)

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"O decênviro Pôncio Velutio Módio produziu um arguto e prolongado elogio fúnebre, inspirado em exemplos conhecidos, com uns toques de Plutarco, duas frases inteiras de Tibério Graco e abundantes furtos de Cícero, muito descarados. Se Trifeno o não tivesse merecido em vivo, não o desmerecia totalmente em morto. Que importa, se uma oração fúnebre não se adapta exactamente ao homenageado? Quem sabe como foi, realmente, um homem? Se a morte o não tivesse soprado tão cedo, talvez ainda Trifeno viesse a efectuar as benfeitorias que lhe eram atribuídas. Não é, verdadeiramente, ao homem que viveu, e cujos despojos ali jazem, sobre a pira funerária, na sua inerme materialidade, que se dirigem os elogios. Antes ao projeto de homem que as circunstâncias poderiam ter revelado. Todos, incluindo o interessado, preferem ter sido íntimos deste último"
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Sobre a contagem dos séculos, segundo Marc Bloch


The danger of images - Gilbert Garcin


"Mas a nossa linguagem tornou-se mais severamente matemática. Já não designamos os séculos pelos seus heróis. Numeramo-los uns atrás dos outros, com todo o cuidado, de cem em cem anos, desde aquele ponto de partida fixado para todo o sempre no ano 1 da nossa era. A arte do século XIII, a filosofia do século XVIII, o «estúpido século XIX»: estas figuras de máscara aritmética entulham as páginas dos nossos livros. Qual de nós se pode gabar de ter sempre conseguido escapar às seduções da sua aparente comodidade?

Para maior desgraça, nenhuma lei da história impõe que os anos cujo milésimo termina pela algarismo 1 coincidam com os pontos críticos da evolução humana. Daí vêm estranhas inflexões de sentido.
(...)

Em suma, temos o ar de distribuir segundo um rigoroso ritmo pendular arbitrariamente escolhido realidades a que esta regularidade é absolutamente alheia. É uma teima. Sustentamo-la, naturalmente, muito mal. Temos de arranjar melhor."


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Sobre o livro “O Hobbit”



- You don't really suppose, do you, that all your adventures and escapes were managed by mere luk, just for your sole benefit? You are a very fine person, Mr. Baggins, and I am very fond of you; but you are only quite a little fellow in a wide world after all! [Gandalf]
"Thank goodness!" said Bilbo laughing, and handed him the tobacco-jar.

O Hobbit é um livro que narra a fantástica missão de recuperar um tesouro outrora pertencente a um povo, do qual dele se viu privado pela indevida apropriação levada a cabo por um dragão.

Pelo meio, tal como é apanágio na vida de cada um de nós, surge uma série de desafios laterais que chegam a parecer pôr em causa o objetivo principal. Porém, com garra, energia, sorte e estratégia, os desafios são ultrapassados e a meta final atingida.

Achei curioso o livro acabar como termina, e para isso cito em cima os 2 últimos parágrafos. Acaba por ser uma conclusão profunda, inerente a esta história: precisamos dos outros para conseguir realizar grandes empreendimentos na vida, e não é honesto granjear para nós todo o mérito e reconhecimento pelas coisas que atingimos, porque os outros estão sempre envolvidos, quer seja pelo seu exemplo direto, como pela sua inação ou passividade e aparente não intervenção práticas nas coisas.
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