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Sobre a pornografia literária


A estrondosa e avassaladora oferta que hoje se encontra no mercado livreiro, impõe um natural respeito, porque a comercialização de um livro estende-se muito para além do valor intrínseco da obra. Hoje há massificação de temas e há que ter bem presente que uma mesma coisa escrita por outro autor vale menos do que uma outra coisa escrita pelo mesmo autor.
O fenómeno literário que se vive hoje, perdoem-me por usar as palavras que vou usar, pode ser enquadrado numa certa forma de pornografia literária, que difunde a banalização do valor das produções, pela adulteração do sentido de singularidade, ou seja, pela forma como se desrespeita o que é conceber e delinear um livro, em detrimento de um sobrepovoamento de publicações nas prateleiras.
Como consequência dessa pornografia literária temos a explícita comercialização das obras como vector a considerar e até principal para a viabilidade de edição das mesmas. Aliás, diversos autores atingem uma profissionalização fácil devido a incorrerem na escrita mediática, totalmente voltada para o populismo e para o alcance da escala comercial.
A minha ambição de poder vir a escrever um livro, choca com estes conceitos, porque pego num livro para ler e penso no quão difícil possa ser chegar a um produto final, fechado, pronto. Imaginar a escrita de um livro como sendo algo não tão díspar quanto isso de um pegar num moldes e fazer réplicas sucessivas, não se me desmotiva como me aborrece e entristece. Há um esoterismo muito próprio que identifico no processo de conclusão de um livro, o qual não gostaria de ver perdido nem de ver chacinado da forma como as garras comerciais têm andado a fazer.
Hoje os nóbeis e notáveis do ponto de vista da matriz da Literatura, aqueles que serão estudados como cânones do nosso tempo, perdem espaço para pornógrafos literários que escrevem com cifrões e se refugiam neles para se afirmar como autores.
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Sobre o querer e a satisfação

Comparar aquilo que vislumbro como possível de ser feito quando estou ocupado e aquilo que efectivamente considero fazer quando tenho tempo livre, é um exercício vital para se justificar muito do comportamento humano.
Mais que uma vez tive este conversa para comigo: se o dinheiro é o que move e motiva as pessoas a não se confortarem com o que têm e ambicionarem mais, porque motivo estes milionários da vida não se mudam para um local remoto e paradisíaco e vivem suas vidas na plena das tranquilidades, longe dos problemas e desgastes?
Na busca de uma resposta para isto, consigo chegar a algumas pistas. Então se eu não consigo fazer aquilo que pretendo fazer, sobretudo quando não posso, porque no momento em que posso parece que pretendo fazer é outras coisas, talvez assim seja com essas pessoas e com todos nós, aliás.
Pergunto-me se, de facto, alguém se mudasse para um desses locais remotos, quanto tempo demoraria a mudar a sua forma de pensar, a dizer: mas afinal é esta a minha contribuição para o mundo?
Só tendo noção de que precisamos de um sentido que nos faça justificar a nossa acção ou falta dela, é que podemos apreciar a vida que temos e os esforços que se nos levantam. Eu posso chegar a casa e decidir que vou passar quanto tempo quiser sentado numa poltrona a sentir o tempo passar, olhando para as paredes e pensando no rumo da minha vida. Mas se o fizer, se facto conseguir chegar a este ponto, que, diga-se, seria uma superação, mais minuto menos minuto, a mente processaria ideias de forma diferente e aquilo que antes fazia sentido, o sentar-me na poltrona, como disse, passa a não fazer. O ser humano é inconstante no seu querer. Quero isto mas quando tenho isto, isto não me chega, quero novamente aquilo que tinha antes disto, ou então algo novo. E isto já nada tem que ver com o dinheiro, isto é a natureza humana a predominar, o vício da constante mudança e da constante insatisfação. 
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Sobre os produtos biológicos

Nos últimos anos temos assistido a uma avalanche do uso e abuso da palavra “biológico”, ou mesmo do prefixo bio.
Motivados possivelmente pela realidade da poluição, os produtos naturais criados sem recurso a técnicas explorativas que recorrem aos adubos e químicos preventivos de pragas, viram o adjectivo “naturais” perder força, e o surgimento do seu substituto, o termo “biológico”, esse sim temperador do sentido desse tipo de produção agrícola.
Ora parece-me que esta questão dos produtos serem designados biológicos no lugar de serem simplesmente naturais, termo este que contrapõe à possibilidade se serem artificiais, é uma questão do foro das marcas e da gestão das imagens de marca.
Os produtos que são alvo de químicos, de tratamentos, e que como tal crescem de forma produtiva e rentável, não deixando de ser produtos naturais, levaram a que fosse necessário conceber um termo para destacar de entre esses produtos naturais, aqueles que crescem de modo mais selvagem e descontrolado.
Só que o termo biológico, levado à letra, acrescenta muito pouco a esta discussão e diferenciação dos produtos. Ao fim e ao cabo, assim como os produtos naturais são aqueles que levando químicos ou não, dependem da natureza para se desenvolver, os produtos biológicos, devem ser aqueles que provêm da biologia, que são espécies da natureza. Tal dístico é ainda pior na promulgação da diferença que se pretende realçar, na medida em que direccionar a questão para ser espécie da natureza ou não, acaba não só por cair na questão de ser natural ou artificial, como acaba por subtrair à selecção aquele que parece ser o argumento principal em toda esta trapalhada: o recurso a produtos artificiais para optimizar o desenvolvimento natural.
No meu entender, usar e abusar do termo biológico, não só retira realidade ao tratamento dos produtos, como exige à pessoa um poder de abstracção sobre possível sentido da nomenclatura usada, tão à moda do senso comum.  
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Sobre o investimento público

Quando se pensa em investir, ocorre-me pensar em algo abstracto, devido à significância da palavra ”investir”. Penso em investir como sendo a aquisição de competências, um curso de fotografia, de línguas, ou então como sendo movimentações financeiras.
Por outro lado, quando se adiciona um complemento e se chega à expressão “investimento público” tudo muda de figura. Entendo por investimento público uma coisa: construção civil. Infra-estruturas grandiosas ou construções locais para as comunidades, a saber hospitais, centros de saúdes, escolas, estradas, pontes.
Chamo a atenção para estas diferenças enormes que impedem, pelo menos a mim, de olhar para aquilo a que se chama investimento público e esperar que contemple investimento em formação, em novas aprendizagens, em abertura de perspectivas, em aquisição de métodos de trabalho e formas de pensar amplas e modernas.
Tudo isto me faz alguma confusão, sobretudo porque acho que o dinheiro vai demasiadas vezes para edificações, as quais não nego valor, mas das quais não dependemos tanto como o fazemos do capital humano.
Em tempo de escassez de emprego, investimento público é ajudar a resolver os problemas directos dos cidadãos, que não passam por uma ponte nova, um comboio rápido, ou um nova auto-estrada. As pessoas precisam que o estado invista nelas, dando-lhes formação para superarem as suas lacunas, e incentivando-as com programas de ensino e acção no sentido de avançarem para negócios alternativos, para criarem as sua pequenas empresas assentes em ideias específicas que possam ter, dando-lhes emprego por essa via e fazendo com que a economia não desmorone com o pessimismo generalizado e epidémico que de outro modo se gera.
Todos sabemos que as obras dão mais votos que outra coisa qualquer, essencialmente porque são comprovações físicas do trabalho e empenho dos governantes, mas o país precisa que se acorde para o novo investimento público, mais centrado no cidadão e não no betão.
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Sobre a ilusão das marcas














Quando se pensa no significado de uma marca comercial, não menos importante deve ser a atenção dada a tudo aquilo que não é visível fisicamente numa etiqueta, adesivo ou placa.

O grande objectivo das marcas, e como tal motivo de grande esforço, é investir euros na criação e manutenção de uma árvore de conceitos que permita que se desenhe no subconsciente dos consumidores a noção do tipo de pessoas que cada marca pretende representar, o tipo de personalidade, mentalidade, estatuto, atividade.

Na última visita que fiz a um centro comercial, apercebi-me de como as marcas batalham essa relação com os consumidores. Uma vez conquistada a confiança do consumidor, surge uma situação peculiar mas bastante comum que é o consumidor deixar de questionar se determinada marca representa aquilo que este pretende ser, enquanto ser que reflecte e decide. Garantida a confiança do consumidor, as marcas rompem a barreira da crítica e ganham uma autonomia gigante para venderem a estes consumidores conquistados qualquer produto que proponham, sem que lhe tenham de relembrar que tipo de pessoas estão representar. Independentemente do padrão da roupa, do cheiro do perfume, das linhas do carro ou do feitio do relógio, a mera inscrição da marca é garantia de sucesso.

É por este motivo que se fala num mundo das marcas, que nada mais é do que um mundo de ilusão, no qual se troca a liberdade de decidir do que se gosta pela ilusão de se acreditar que se é aquilo que as marcas dizem que são os que consomem aquilo que vendem.

Torna-se pois imperativo para qualquer marca conceber bem o seu posicionamento no segmento, identificar perfeitamente o público que pretende representar e que ambições tem esse público, para assim trabalhar a forma como poderá dizer-lhes que se forem clientes da marca serão aquilo que ambicionam ser.

Não é preciso ser estudioso dos mercados para perceber que este é o grande número das marcas no cenário do comércio. Alguma ilusão julgo que seja benéfica para o consumidor acreditar no produto, mas acho que hoje vivemos com demasiada pressão nesse sentido.
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Sobre os direitos de imagem

O negócio da venda da imagem para fins publicitários é tortuoso. Vincular um rosto a uma marca ou produto, tornado realidade pela assinatura de contractos para o efeito, é um pacto que embora possa parecer negativo para ambas as partes caso algum problema surja, joga preferencialmente a favor do produto ou marca e nunca da personalidade.
Agora recentemente um aparente escândalo com um futebolista brasileiro, levou a que a empresa com quem celebrara um contracto de direitos de imagem o cessasse, justificando-se com a negatividade que o escândalo proporcionara.
Para mim, elemento alheio e externo a tudo, a primeira impressão com que fiquei foi a de que estas empresas lucram quando associam os seus produtos ao crédito e reputação de celebridades, pagando-lhes loucamente por isso, mas igualmente lucram quando algo de mal sucede ou é apontado à mesma celebridade que aí perde o contracto publicitário sem nada receber, enquanto que a empresa lucra por se demarcar. Ao se demarcar, o produto valoriza-se na mesma, porque se distingue, porque afirma perante a sociedade que não pactua com situações negativas, e como tal é notícia a desvinculação.
Pergunto-me, pois, se quando se celebram contractos desta natureza, aquele dinheiro recebido não seja o preço de associar uma face a um produto ou marca quando a primeira estiver na mó de cima, e seja também o preço da desassociação da face quando nada acrescenta ou quiçá prejudica a imagem do produto ou marca na sociedade.
Os trilhos da realidade publicitária e desta regras que regem o mercado, que fazem com que um dia se sonhe ser como o tal futebolista que aparece em todas as revistas, que faz caridade e se junta a tudo o que quer ter prestígio, traduzem-se mais tarde numa irresponsabildiade de lavar as mãos e tornar notícia isso mesmo, o encostar para um canto do mesmo rosto, por já não prestar para nada, ter sido sugado enquanto peça no xadrez do marketing, e como tal render uns pontinhos finais quando se conclui a sua vinculação. Uma vez mais é a tal terciarização que por não ter sentimentos nem culpa, trata mal pessoas e não sente nada.
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Sobre a colectividade

A terciarização inerente às actividades colectivas, leva a que a responsabilidade individual dê origem a um código ético que se propõe a gerir toda a colectividade dos actos, decisões, comportamentos, ocorrências.
Fui despertado para o conceito num documentário onde se falava na forma como as empresas, devido a serem pessoas colectivas, como se designam, acabam por contornar muita coisa devido ao seu anonimato ou corporativismos.
Na altura o exemplo dado foi o de uma empresa do ramo petrolífero, cujo presidente foi alvo de manifestações ecologistas à porta da sua residência, devido a recentes decisões da empresa. O presidente convidou os activistas a tomarem um chá e começaram a conversar, do qual resultou o reconhecimento de que o presidente, enquanto pessoa singular, era contra a o prejuízo da natureza por parte da empresa a que presidida, mas que ele, enquanto presidente, não tinha como sentir-se mal por atentar contra esta, dado estar a caminhar no sentido do sucesso da empresa.
Ora, recorri a esta imagem que comigo retive, para chamar a atenção da quantidade de pessoas colectivas, quer sejam empresas, instituições, comunidades ou associações, que existem no mundo e que por força dessa colectividade, se consegue desprover as pessoas do seu sentido crítico e dos seus valores pessoais, unicamente porque se fantasia a passagem para o colectivo, uma existência desumanizada. Tal máquina serve os propósitos individuais de quem a gere, mas garante que os crimes não sejam cometidos por pessoas, além de ser um artifício psicológico para que se façam asneiras e não haja sentimento de culpa.
Não quero carimbar este texto como uma mensagem anti-empresarial ou anti-sociedade, gostava sim de trazê-la para um domínio mais largo, no qual também se verifica. Todos fazemos parte de comunidades, que embora não o sejam formalmente, acabam por ser pessoas colectivas, no qual se depositam as esperanças e as culpas, a meu ver com uma utopia desmedida. A culpa e o sucesso, é de homens e mulheres, a eles o mérito, a eles a responsabilidade, a eles a pena.
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Sobre os jornais gratuitos

A invasiva ofensiva dos jornais gratuitos no nosso país constitui um marco controverso nos compêndios da história da comunicação social.
Eu julgo que se já não havia grande espaço para tantos jornais e publicações periódicas nas bancas nacionais, a chegada dos jornais gratuitos só vem agravar tal crise de território. Num primeiro momento vejo toda a utilidade de se poder fazer jornalismo gratuito para o consumidor, removendo barreiras económicas, mas logo de seguida sou levado a crer que a remoção de barreiras económicas tem um preço: o preço de não ser importunado na rua, já para não falar na compreensível simplificação dos artigos publicados, embora nem sempre seja má tal ocorrência.
Não vejo grandes problemas no jornalismo gratuito desde que não retire qualidade de vida ao cidadão a que se destina. Como estou longe de sentir que tal condição é garantida acho o jornalismo gratuito um problema para a sociedade, sobretudo porque encerra em si mesmo um paradoxo, que é acabar por não ser gratuito, e como tal não crer que o preço a pagar seja justo.
Nas ruas, nas faculdades, nas filas de trânsito, e em outros locais possíveis, pessoas distribuem jornais a qualquer transeunte ou condutor que calhe de se encontrar com estes, num espectáculo que é tanto engraçado quanto menos repetitivo for.
Há também outra coisa, que é embuste que se publicita relativo ao número de leitores, já que nestes jornais gratuitos é costume constar o número de leitores. Desconfio fortemente destes dados porque se nos jornais vendíveis os leitores que o compram poderão ser mais facilmente garantidamente leitores, já com os jornais gratuitos o despacho de exemplares indiferentemente à vontade de leitura das pessoas e oportunismo da situação, está longe de garantir uma correspondência, sendo muitos daqueles supostos leitores, gente que simplesmente virou a esquina e os deitou fora.
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Sobre a televisão: compromissos comerciais

A diáspora do capitalismo agressivo apoderou-se da televisão para mal de todos os que acumulam em si o direito a servir-se dela, consumindo-a. Acredito que larga culpa da desvirtuação da televisão enquanto ferramenta adequada ao progresso, passa pela necessidade de gerar lucros, mais-valias económicas que assegurem futuro.

Repudio e condeno veemente a forma irresponsável como convivemos com cadeias de televisão que prezam a subjugação dos seus espectadores às peripécias de manipulação de audiência para fins de proveitos publicitários. Divulgações de horários incorrectas, em que à hora indicada apenas há publicidade (muito comum nas transmissões desportivas), ou aliciamento de audiências com dinheiro supostamente fácil, cuja efectiva entrega é prolongada com exaustão, de que são exemplo os múltiplos programas vespertinos transmitidos diariamente.

É evidente que as cadeias de televisão vivem acorrentadas às audiências, pois estas são o meio para gerarem o lucro, mas a partir do momento em que são abandonados princípios básicos que honrem as reais capacidades que uma cadeia de televisão pode ter em sociedade moderna, julgo entrarmos no tortuoso caminho da superflueidade dos meios televisivos.

Que se clarifique a ideia de quem manda na televisão! O consumidor precisa da televisão, mas ela precisa cada vez mais dele. O consumidor tem cada vez mais alternativas a ela, pelo que é altura de verdadeiramente reivindicar a si os plenos poderes de se achar activo no panorama televisivo. A maioria de nós, espectadores, julga-se escravo das grelhas televisivas, mas nada mais errado. Que tal proporem-se umas televisões desligadas por uns tempos? Há que prezar respeito e responsabilidade acima de viabilidade económica, pois se querem fazer dinheiro, que trabalhem para tal dentro das regras da civilidade e do dever assumido.
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Sobre a religião: a comercialização da fé

Os grandes propósitos espirituais das religiões, esbarram na impossibilidade de sobreviverem alheias ao mercado capital que confere poder de compra como via para a aquisição dos produtos pretendidos.
O obstáculo da dimensão material que a religião tem, pela via humana, faz com que esta tenha de se submeter à necessidade de gerar fundos de sustento do edifício religioso, e como tal, cria uma aura comercial em torno da religião.
No nosso país, acaba de ser inaugurado o novo santuário de Fátima, obra colossal, em grandeza e custo, constituindo a 4ª maior igreja do mundo. Saber que uma Igreja pregadora da pobreza decide pelos seus líderes edificar monumentos de culto de alto valor comercial e motivo de propaganda da fé, e que esta manobra é conseguida usando os fundos caritários dos crentes que no fundo ficaram, esses sim mais pobres para enriquecer a sua religião, só abona a favor desse paradoxo existente entre a crença e a realidade.
Toda a riqueza da Igreja poderia ser dispensada ao próximo, como de facto prega a sua doutrina. Necessitamos de um Vaticano, de um santuário ou de uma capela para que haja fé. Quem quiser trabalhar para a pureza da religião, pois que trate de descobrir formas de libertação material do dinheiro e dos bens imóveis sem sacrificar o  credo a esses elementos. A comercialização da religião só confere comodismo aos seus servos, porque elimina a necessidade de mostrarem como se pode praticar a religião da maneira mais perfeita: pela via da virtude. Quem não achar um escândalo, que visite então Santiago de Compostela, na Galiza, e repare como até já existe um aparelho para se ouvirem orações, mediante a introdução de uma moeda. Tudo isto dentro da igreja, supostamente local de culto e respeito pela fé nas escrituras. Que gente é esta, que aceita ver os pregadores em desrespeito ao que pregam e ainda assim se firma na sua crença de que tudo está bem e faz sentido de tal forma?
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Sobre a religião: as falhas da católica apostólica romana

Quanto mais leio sobre aspectos da religião Cristã, mais desemboco no reconhecimento da sua desprovenção de lógica e sentido.
Começando pela severidade com que pautam o mundo, sempre desalegrados perante tudo, parecendo em constante agastamento, sem esboçar alegria ou sorrisos, coisa que o Dalai Lama faz, para grande gáudio meu, dado que a felicidade está dentro de nós, na capacidade de ver o positivo de tudo, e não no mundo em si.
Depois, abarcando toda a obstinação com que tomam decisões e estabelecem fundamentos, é de uma presunção assustadora tendo em conta que aqueles líderes são apenas homens que decidiram dedicar-se a explorar a religião em que acreditam. A igreja não admite erros e esse é um pecado capital. Admito que o deus não os cometa, mas os que se chamam deus na terra, pela sua condição de homens, erram e devem assumir. Como pode viver uma instituição religiosa a pregar o que não pratica? O passo inicial para qualquer perdão sério, é o reconhecimento do erro, logo quando este não sucede, tudo não passa de fantasia.
Finalmente, por mais que tente, acho injustificável a existência de um estado religioso, o Vaticano. É tortuoso o trilho que divide a igreja do estado, quanto mais aquele que permite justificar uma igreja como estado. Acho que ao definir residência oficial, cria-se um rol de complicações no que toca à ambição de espiritualidade. Quanto mais se premir a tecla do crescimento material, pela condição de propriedade de bens, mais se torna contraditória a crença na pobreza, tão bonita e simbólica da história do famoso Jesus. Não se entende a luxúria do culto, a ostentação das jóias, arte, vestes ou edifícios. Peço que não afirmem que é para exaltar deus, porque sou avesso a falácias. Finalmente, peço que me expliquem que formato é este o de os crentes serem alheios à selecção de líderes, cabendo aos próprios elegerem-se entre si e viverem, portanto, em circuito fechado.
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Sobre a desprofissionalização dos políticos

Nenhum ramo de actividade é mais sacrificado pelo povo do que a carreira de político. Os próprios conhecem e reconhecem esses estigmas, devendo até concordar, nos seus íntimos, com algumas das alegações costumais.
A parte penalizadora que não abrange as questões do foro da honestidade, passa de alguma forma pela não inclusão dessa classe no âmbito da lista de profissões do povo. Tal exclusão prende-se com a ideia do trabalho braçal ser fisicamente desgastante e de a classe política viver o seu dia-a-dia no seio de certas regalias que contra balanceiam, na perspectiva do povo, eventual esforço que dispendam.
Cabe-me a mim, perguntar também se é de facto interessante que a Política seja profissão. Julgo que um sim extingue diametralmente a visão da política como dever público ou actividade de intervenção social aberta ao cidadão comum. Uma política como profissão envolve rivalidade e criação dos subterrâneos jogos de poder que controlam peças num tabuleiro de relações e dinheiro. A necessidade de vingar num meio tão perverso como é o dos ideais, das argumentações ou dos convencimentos, motiva todo um esquecer das premissas e enquadramentos da política como entidade vital à existências de sociedades e nações. Daí surge a inoperacionalidade apontada aos políticos, bem como à sua repetição de hábitos e vícios.
O povo poderá ter a sua razão ao não aclamar nem identificar os políticos como operários, pois instintivamente assume uma posição que a lógica consegue suportar. A descrença e o vinco de descredibilização progressiva dos políticos, por parte do povo, em nada abona as necessidades de ambos. Privados de povo, os políticos recorrem a sensacionalismos e demagogias para fazer chegar e se fazerem ouvir e respeitar. O povo, privado de políticos, trabalha intervalando a labuta com desdém dos políticos, que, apesar de tudo, continuam sem aceitação como profissionais mas mantêm-se no recebimento mensal pelos seus préstimos. A pergunta é : de quem?
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Sobre o uso da mente


O enorme esforço que o ser humano tem de despender para conferir elasticidade e profundidade à actividade do seu cérebro leva-me a perguntar se não será a actividade mental uma mais valia evolutiva cuja consolidação ainda inexiste.


A preguiça que se ergue quando é necessário estudar, aprender ou explorar mais, motiva esta hipótese que aqui levanto. Ela ganha, aliás, alguma força, se for tido em de linha de conta o facto de que o esforço intelectual paga-se melhor, em termos profissionais, do que as exigências físicas. Isto frequentemente não é muito bem compreendido por quem não conhece a problemática de ter de pensar obrigatoriamente todos os dias, no lugar de cumprir tarefas árduas do ponto de vista físico.

As empresas sabem que dependem de ideias para inovar, para ambicionar ou para projectar, daí se rodearem de peritos que nem sempre são bons profissionais, mas que surpreendem de quando em vez com construções teóricas que, após modeladas, permitem lançar trunfos no mercado e criar riqueza.

Se pensar não fosse um esforço ou desgaste, talvez não houvesse grande vantagem em estudar mais uns anos, em acumular graduações e formações, pois não haveria, em termos de mercado de trabalho, qualquer tipo de vantagem ou aliciante profissional que motivasse essa exigência adicional. Todavia, sobre a hipótese de ser uma vantagem evolutiva não consolidada, isso detém-se exactamente no obstáculo que é pensar. Uma espécie consolidada do ponto de vista intelectual não seria tão reticente em aproveitar o recurso que lhe confere superioridade evolutiva.

Um dos sinais de que todos temos em nós esse respeito pelo esforço de pensar está no reconhecer enorme utilidade a todas as ferramentas tecnológicas que se servem de cômputos, o que não deixa de ser sintomático de que poderemos andar ambicionar superar a não consolidação da mente pela via da tecnologia.
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Sobre o vício da novidade

Em tempos onde a produção escasseava, onde não havia essa coisa das prateleiras cheias de produtos para venda, nenhuma outra opção se impunha que não a de resignação perante a ausência de novidades ou uma derivação da busca por novidades para outros campos que não os da comercialização de produtos.
Nos dias de hoje, bem como de forma ascensora no futuro, a busca pelas novidades, facilitada pelos pólos e galerias comerciais que conjugam diversidade com quantidade e até com preço reduzido, permitem ao ser humano desfrutar da sensação de saciedade e preenchimento com uma frequência elevada.
As crianças recebem e querem cordilheiras de brinquedos quer pela curiosidade quer pela alegria de posse, de ter propriedade sobre mais um objecto.
As pessoas ouvem músicas que não têm problemas em repetir-se, diferindo quase nada às vezes, partilhando o tema de acção, retratando coisas idênticas com variações mínimas, como se o importante fosse o ouvir sempre o novo, aquilo que apesar de já existir, é lançado novamente no mercado.
Os filmes nem sempre têm dignos motivos para ser lançados, pois acrescentam nada, mas ainda sim são visionados, o mesmo acontecendo com as novelas, que esgotam enredos por serem tantas, e que são literalmente devoradas pelas pessoas.
As livrarias estão repletas de autores que descobrem uma fórmula (ou será forma?) mágica de produzir obras em série, repetindo ganhos nessa busca desenfreada das pessoas por um novidade que só o é no acto de comprar o que é lançado no momento, mas que pouco ou nada tem de criativo para ser considerado novo a esse nível.
A monotonia do dia-a-dia cresce na mesma proporção em que se perde o pudor de chamar novo ao que é uma repetição, ao que só é novo por não ter estreado, mas que não resulta de inspiração superior àquela necessária para copiar ou que tem um grau de complexidade perfeitamente acessível a qualquer pessoa com tempo.
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Sobre a relatividade do valor

Pergunto-me hoje, sobre o que é o valor de uma coisa, sobre o quão colectivo e estático pode ser o valor de uma coisa ao ponto de atingir um estado de valorização independente daquele que cada ser humano lhe queira ou possa atribuir.
Não deixa de ser curioso que mesmo aquilo a que chamamos valor, portanto, o dinheiro, seja algo que não é intocável no que toca a valorizar ou desvalorizar. Vistas bem as coisas, o dinheiro até vive sempre em dois mercados distintos: o comercial, onde vai oscilando de valor face a complexas teorias económicas; e o pessoal, onde cada ser humano lhe atribui um maior ou menor valor face àquilo que pretenda comprar ou face ao stock de dinheiro que tenha no banco ou apenas de acordo com os princípios que adoptou para viver a sua vida.
Se o dinheiro, verdadeiro elo comum a qualquer ser humano vulgar, é ele próprio um valor relativo, o que dizer de diferentes e talvez mais poéticas formas de valor como são as palavras, as memórias ou os sentimentos? A questão agudiza nestes parâmetros e o debate implode sobre a ramificação possível daquilo a que é possível chamar valor, pois aí vários são os candidatos.
Mas não posso deixar de acrescer que a complexidade não se queda neste ponto, há ainda o facto de que o valor de qualquer coisa muda de forma paralela à mudança do contexto que rodeia a avaliação pontual que se possa fazer a seu respeito. E isso é perceptível no percurso de uma vida, onde novas prioridades sempre aparecem, como resultado de irmos, a cada instante, atribuindo um valor próprio a cada coisa.
Respondo-me, pois, à inquietação, pelo desembarcar na ideia de que realmente o valor de uma coisa é intrínseco e tão dependente de um eu situado algures no tempo-espaço que a imprecisão é enorme quando se cria uma teia argumentativa voltada para a justificação ou publicitação do valor de uma coisa que tanto pode ser um produto como pode ser um simples sentir.
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